Rita Carvalho, in Diário de Notícias
Para criar emprego, Patriarcado de Lisboa está a estudar com o BES solução de crédito social. Desempregados serão ajudados a criar empresas de serviços de limpeza, cozinha ou lavandaria que serão prestados nos centros paroquiais.
A Igreja Católica quer ajudar a criar microempresas que prestem serviços nos centros sociais paroquiais de lavandaria, cozinha ou limpeza. A forma de financiar estes pequenos empresários, de preferência desempregados, já está a ser estudada junto do Banco Espírito Santo (BES). E é uma das iniciativas do Projecto Igreja Solidária, que será apresentado hoje aos padres de Lisboa numa reunião com o patriarca D. José Policarpo.
"O BES vai estudar uma solução de crédito social, que ajude a financiar empresas indicadas por nós. Os centros sociais funcionarão como uma espécie de garantia, pois seremos clientes destas empresas, o que, à partida, garante alguma sustentabilidade do negócio", explica Maria do Rosário Líbano Monteiro, vice-presidente do centro social paroquial do Estoril e coordenadora do projecto do Patriarcado de Lisboa.
Os centros sociais das paróquias podem servir também de ajuda à realização do próprio negócio. Por exemplo: "Quando a nossa cozinha deixa de funcionar, as pessoas que montarem um negócio de cozinha podem usá-la para fazer comida que depois nós vamos comprar", explica. Neste caso, o objectivo não é os centros deixarem de fazer refeições, mas há alguns tipos de comida, que por vezes são comprados fora, que podem ser adquiridos a pequenas empresas. Esta lógica de apoio ao empreendedorismo local e social pode aplicar-se a outros serviços como limpeza ou lavandaria.
"É uma forma de combater a nova pobreza, que afecta pessoas em idade útil, com capacidade de trabalho, e que precisam de uma oportunidade para recuperar a estabilidade da sua vida que se perdeu com o desemprego", explica a responsável do centro paroquial do Estoril. Maria do Rosário Líbano Monteiro considera que "é preciso ajudar a criar trabalho e não emprego" e acredita que esta solução encaminhará as pessoas durante este período difícil.
Ao recuperar a fonte de rendimento, estas famílias poderão também voltar a cumprir com os pagamentos das mensalidades das creches e outras valências que fre- quentam, que têm falhado com frequência, afectando também a subsistência das instituições.
"As pessoas estão desesperadas. Mas temos de ajudá-las, ser criativos e lançar-nos para a frente. Com isto podemos ver quem quer mesmo trabalhar", afirma, confiante de que o projecto terá adesão. Aliás, esta filosofia já será aplicada nos serviços a prestar no novo centro paroquial do Estoril, que abrirá portas em Setembro.
Entre 250 e 300 pessoas estarão hoje no Centro de Espiritualidade do Turcifal, uma casa do Patriarcado em Torres Vedras. Bispos, padres e católicos com responsabilidades sociais irão debater com D. José Policarpo a melhor forma de concretizar estas medidas. Serão também trocadas experiências de combate à crise já no terreno. O projecto Igreja Solidário será divulgado pelo departamento da pastoral sociocaritativa.