14.4.09

Já há escolas com cantina aberta durante as férias

Ivete Carneiro e Isabel Teixeira da Mota, in Jornal de Notícias

Medida é proposta pela Direcção-Geral da Saúde para combater carências alimentares fruto da crise


Abrir as cantinas escolares durante as férias para garantir uma alimentação equilibrada a crianças carenciadas é uma das propostas da Direcção-Geral da Saúde para combater a crise. A ideia não é nova. Já há autarquias a fazê-lo.

A medida é uma das "Respostas da saúde pública à crise económica e social", que deverá hoje ser apresentada no I Congresso de Saúde Pública. E que será debatida, entre outras, esta semana com a Organização Mundial da Saúde. Contudo, o director-geral da Saúde fez questão de esclarecer ontem que "a actual situação no país não é alarmante", apesar dos "casos pontuais já identificados" e com "respostas ao nível local".

Entre eles, a notícia conhecida há dias sobre a detecção de casos de fome e má nutrição no Hospital Amadora-Sintra. Os dados não são recentes, datam de 2007, e não se podem sequer atribuir à actual situação de crise. Ainda assim, dão conta de que, de um universo de 600 crianças avaliadas, 3% revelavam má nutrição, números que reflectem os níveis de pobreza do concelho que serve, Sintra.

Uma ronda por alguns grandes hospitais do país permite desdramatizar a situação. Não há registo de casos de fome nas urgências pediátricas, até porque "ninguém vem hospital porque tem fome", disseram ao JN várias fontes hospitalares.

Apesar da tranquilidade, a preocupação da DGS com situação de empobrecimento súbito levou-a a delinear um conjunto de respostas. Foi montado um dispositivo de alerta com "68 postos de observação para identificação precoce de alterações que afectem o estado de saúde da população", explica o DGS, Francisco George, em comunicado. As repostas, essas, são locais.

E o caso de Sintra pode servir de exemplo. A autarquia alargou o almoço gratuito a crianças que não cabiam nas definições previstas na acção social escolar, no caso do Ensino Básico (que compete às câmaras). Além de fornecer também o lanche, há dois ou três anos resolveu abrir as cantinas durante as férias. Exactamente aquilo que propõe Francisco George.

Confrontada ontem com a ideia, a ministra da Educação pediu para evitar alarmismos e garantiu não haver casos identificados de carência alimentar que as escolas não resolvam. "Há muitos anos que as escolas intervêm nesta área. Têm uma acção muito eficaz e muito interventiva, superando eventuais necessidades de apoio por parte das famílias".