in Jornal Público
Nuno Poiares, comissário da PSP e mestre em Sociologia, está em Beja há cerca seis anos e desde o início da sua estava na capital baixo-alentejana que se interessa pela dinâmica comportamental de determinados grupos de risco, sobretudo os jovens e os para-suicidas. Inscreveu-se na SPS e lançou-se no levantamento e na interpretação das causas de todos os que consumaram o acto entre 1998 e 2008 nas áreas urbanas das cidades de Beja e Moura, onde a PSP está presente. Contou 81 suicídios. Destes, 54 aconteceram em Beja e os restantes em Moura. Do total, 68 eram homens e 13 mulheres. Os anos de 1999, com dez suicídios, 2004, com oito, e 2008, com seis, foram os mais negros.
O uso da corda foi feito por 41 homens e oito mulheres, neste caso a revelar uma mudança em relação aos meios tradicionalmente usados, o envenenamento, recurso que foi utilizado por apenas quatro mulheres. Uma delas recorreu ao envenenamento seguido do enforcamento. Outra afogou-se e ainda houve uma que recorreu a arma de fogo.
Dos 68 suicídios de homens, para além do enforcamento, houve cinco que optaram pelo envenenamento, 14 puseram termo à vida com armas de fogo e oito por formas diversas. O mais jovem tinha 16 anos e matou-se com um tiro de pistola e o mais idoso, com 91 anos, utilizou uma caçadeira.
Mário Jorge Santos diz não perceber as razões porque não há, abaixo do Tejo, com excepção de Setúbal, "internamentos em psiquiatria". O recurso passa por enviar os doentes para Lisboa, onde dificilmente terão visitas, pormenor que o médico considera ser "penalizante e uma crueldade".