7.6.09

Mortes por sida em Portugal baixaram para metade

in Jornal Público

A mortalidade associada à infecção por VIH/sida diminuiu em Portugal cerca de 50 por cento entre 2000 e 2006, consequência de um maior acesso aos tratamentos e de estes serem cada vez mais eficazes, segundo o responsável nacional de luta contra a doença.

Falando no encontro europeu sobre sida que decorreu ontem em Lisboa, o coordenador nacional para a infecção por VIH/sida, Henrique Barros, explicou que a cada vez maior eficácia dos tratamentos transferiu a tónica da luta contra a sida para o acesso aos tratamentos, sobretudo no que diz respeito aos custos associados, muitas vezes incomportáveis para os países mais pobres.

Daí que o grande esforço, actualmente, seja sensibilizar a indústria farmacêutica para a necessidade de assumir a sua responsabilidade social, atenuando o peso da propriedade intelectual e das patentes no custo dos medicamentos, afirmou o responsável.

"Não será preciso, espera-se, ir pelos caminhos de desrespeitar o direito de propriedade intelectual e as patentes. Trata-se sobretudo de conseguir que a indústria farmacêutica compreenda a importância e relevância desta situação [em termos de saúde pública] e que tenha também a responsabilidade social de baixar os preços e tornar acessível a medicação às pessoas que precisam dela", defendeu Henrique Barros.

O coordenador nacional para a infecção VIH/sida referiu que as questões de propriedade intelectual se põem sobretudo ao nível daquilo a que se chamam as "segundas e terceiras linhas, ou seja, aos tratamentos que são necessários ao fim de anos de utilização de um primeiro regime terapêutico e que são extraordinariamente caros".

Quanto à incidência da sida na Europa, Henrique Barros mostrou-se sobretudo preocupado com a possibilidade de o epicentro da epidemia se deslocar para países como a Ucrânia e a Rússia, uma zona que "está a ser sobretudo marcada por uma extensa presença de casos em indivíduos que usam drogas".

"Há uma mudança do epicentro da epidemia em direcção a essa zona do mundo que exige seguramente medidas rápidas", concluiu Henrique Barros. Lusa