por Catarina Alemdia Pereira, in Diário de Notícias
As acções do fundo criado para assegurar a sustentabilidade do sistema de pensões desvalorizaram 39% no ano passado. O bom desempenho das obrigações ajudou a evitar maiores perdas.
As acções do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS), criado para assegurar a sustentabilidade do sistema de pensões, sofreram uma desvalorização de 39,03% no ano passado. Em Dezembro, e apesar da evolução negativa, os 1385 milhões de euros em acções representavam 16,6% do valor do FEFSS.
Os dados constam de um documento do gabinete do ministro do Trabalho, Vieira da Silva, em resposta a um requerimento assinado por cinco deputados do PSD. Com uma maior exposição a obrigações, o FEFSS valia, no final do ano passado, 8343,32 milhões de euros. Globalmente, a desvalorização foi de 3,73%, revelou no início deste ano Manuel Baganha, presidente do Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social.
Por conhecer estava ainda a evolução dos diferentes segmentos que compõem a carteira. Os dados enviados ao Parlamento no final do mês passado mostram que a componente de obrigações, que ganhou peso - e que representa agora 77% do total - teve rentabilidade homóloga de 10,09%, compensando a queda em outros segmentos. O resultado foi também negativo no imobiliário, onde o fundo "perdeu" 3,64%.
"Não era expectável uma crise com aquelas dimensões e isso repercutiu-se em todos os fundos de pensões", justifica o presidente do Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização da Segurança Social, contactado pelo DN. "O fundo irlandês correspondente ao FEFSS perdeu 30% e o francês também perdeu bastante valor", acrescenta Manuel Baganha, reconhecendo que em causa estão carteiras com maior exposição a acções.
Deveria então o fundo português reduzir a exposição a acções, que no ano final de 2007 absorviam mais de um quinto do total? "A exposição a acções, que está dentro dos limites considerados conservadores, tem sempre de se ver numa perspectiva de longo prazo", afirma Manuel Baganha. E a 30 anos, defende, "com o crescimento económico, as acções vão valorizar". As maiores quebras foram registadas em acções da Europa (-45%) e dos EUA (-38%), tendo sido mais moderadas no Japão (-20%). A lei permite que a carteira de acções do FEFSS chegue até 25% do total.
Gestão privada adiada
Na resposta ao requerimento formulado em Outubro, o adiamento do concurso para a gestão privada do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social é justificado pelo Governo com a actual situação dos mercados internacionais. "O concurso para a contratualização, com entidades privadas do sector financeiro, da gestão parcial das verbas do FEFSS aguarda momento mais oportuno, face às particulares dificuldades da presente conjuntura dos mercados financeiros", refere o gabinete do ministro Vieira da Silva, em resposta enviada aos deputados do PSD.