por Maria João Espadinha, in Diário de Notícias
Num ano, a taxa de juro a seis meses desceu 75%, o que permitiu às famílias portuguesas poupar 4100 euros, segundo uma simulação do DN. Em Agosto, a prestação de um empréstimo de 150 mil euros vai ficar em 572 euros; há um ano era de 914 euros.
As taxas de juro do crédito à habitação não param de descer, com os portugueses a beneficiarem de reduções nas suas prestações mensais. Segundo uma simulação feita pelo DN, as famílias pouparam 4100 euros, num ano, graças à queda da Euribor para novos mínimos históricos.
Quem for contrair um novo empréstimo em Agosto irá pagar uma prestação de 572 euros, menos 342 euros que o valor que ficaria a pagar caso tivesse feito o mesmo crédito há um ano. Este valor é válido para um empréstimo de 150 mil euros, a 30 anos, considerando um spread de 1%.
Esta poupança considerável no bolso dos portugueses deve-se à redução de 75% da taxa Euribor a seis meses desde Julho do ano passado, altura em que estava nos 5,148%. Esta taxa está hoje nos 1,229% e, apesar de ainda faltar uma semana para o final do mês, já há uma certeza - os empréstimos vão voltar a baixar.
A forte descida nos créditos à habitação reflecte a queda acentuada das Euribor desde meados de Outubro do ano passado, acompanhando os sucessivos cortes na taxa de juro de referência do Banco Central Europeu (BCE).
Dos 4,25%, a taxa directora caiu para os actuais 1%, não sendo de esperar novas descidas. Mesmo assim, a Euribor a três meses já está abaixo desta fasquia, desde 10 de Julho, estando a média mensal nos 0,995%, um novo mínimo histórico. Quem contraiu um empréstimo à habitação com esta taxa têm agora uma prestação 342 euros mais baixa do que em Julho do ano passado, quando chegou a 554 euros, altura em que a Euribor estava a 4,961%. Num ano, esta descida traduz-se numa poupança de 4053 euros, já que a queda anual desta taxa é de 80%.
Quanto ao mês anterior, as taxas de juro apresentam também uma queda significativa: 14% na Euribor a seis meses e 19% na Euribor a três meses. Traduzindo em euros, trata-se de poupanças mensais entre os 15 e os 17 euros, a taxa, segundo a simulação do DN.
Para alguns analistas, as taxas de juro deverão manter-se baixas nos próximos meses, já que a recente queda se deve a uma injecção de liquidez realizada pelo BCE e estão programados novos leilões de fundos por parte da entidade liderada por Jean-Claude Trichet.
Apesar de milhares de portugueses estarem a beneficiar da queda dos juros, pagando uma prestação da casa menor no final do mês, dificilmente os consumidores que forem contrair um novo empréstimo vão beneficiar da condições tão favoráveis como faria supor à primeira vista. É que, devido à crise financeira mundial, a maioria dos bancos aumentou os seus spreads, encarecendo assim o valor a pagar todos os meses e diluindo o efeito de descida das Euribor.
Ao mesmo tempo, e devido aos problemas de liquidez das famílias portuguesas, com o crédito malparado a crescer de mês para mês, as instituições bancárias estão com critérios mais rigorosos na concessão dos créditos, nomeadamente no que diz respeito à avaliação dos imóveis e dos riscos associados ao empréstimo. Hoje, é quase impossível, por exemplo, um financiamento a 100%.
Por outro lado, são poucos os portugueses que arriscam, numa altura de recessão, comprar uma casa ou fazer um novo crédito, devido à instabilidade sentida actualmente. Por muito que os preços das casas sejam tentadores.