Célia Marques Azevedo, in Jornal de Notícias
Poucos inquiridos acreditam que seriam capazes de encontrar um novo trabalho em 6 meses.
Perante um possível cenário de desemprego por causa da crise económica, poucos portugueses acreditam que pudessem regressar ao activo num curto espaço de tempo, mostra um estudo de opinião de Bruxelas.
Os portugueses são os mais pessimistas entre os europeus: apenas 16% acreditam que conseguiria encontrar novo trabalho num espaço de seis meses.
Os números do Eurobarómetro, publicados ontem pela Comissão Europeia, relativo aos efeitos da crise económica e financeira sobre o mercado de trabalho, mostram que 16% dos portugueses dizem ter perdido o emprego por causa da crise actual, 39% têm algum membro da família ou amigo próximo no desemprego e quase um terço tem colegas que ficaram sem trabalho pela mesma razão.
Mais de metade dos portugueses (58%) acha que o impacto da crise económica sobre o emprego ainda pode piorar. Mesmo assim, dois terços dos inquiridos disseram estar "relativamente confiantes" na possibilidade de manter o seu posto de trabalho nos próximos meses.
Portugal surge, no entanto, como o segundo país com mais cidadãos que conhecem os instrumentos comunitários de apoio ao emprego, como o Fundo Social Europeu.
No inquérito, 88% dos portugueses consideraram a formação contínua como um dos factores que ampliam as possibilidades de emprego, no entanto, no último ano apenas 15% fizeram alguma.
Já ao nível da União Europeia, 61% dos cidadãos acham que o pior da crise ainda está para vir, mas no caso de serem confrontados com uma situação de desemprego, 39% julga muito provável encontrar um novo trabalho no espaço de meio ano. O estudo mostra que cerca de 3,5% dos europeus activos perderam o posto de trabalho por causa da crise económica, 36% conhecem alguém entre amigos ou família que perdeu o emprego, e 24% conhecem um colega que foi também afectado pelo contexto económico.
Os países mais atingidos em termos sociais são Letónia, Lituânia, Espanha e Irlanda, logo seguida de Portugal, enquanto que no lado positivo estão os cidadãos do Luxemburgo, Grécia e Holanda como os menos afectados com a perda de postos de trabalho.
Em Portugal, foram feitas 1020 entrevistas, entre 29 de Maio e 16 de Junho.