Hub Porto apoia a inovação e estimula o auto-emprego

Pedro Rios, in Jornal Público

O Hub Porto abre hoje em Paranhos. É um escritório partilhado, para estimular o empreendedorismo e combater o desemprego

O antigo edifício do Centro de Recursos Educativos da Rua do Tâmega, na freguesia de Paranhos, no Porto, deu lugar a um espaço inovador em Portugal, que é hoje inaugurado às 18h. Chama-se Hub Porto e segue a filosofia The Hub, presente em 16 cidades de quatro continentes.

"O conceito assenta na partilha de espaços", afirma ao PÚBLICO o presidente da Junta de Freguesia de Paranhos, promotora do Hub Porto, Miguel Seabra. Em vez de uma renda fixa, os membros (há cerca de três mil no mundo) pagam pelas horas que necessitam: no Porto, o pacote mais barato é de cinco horas (oito euros) e o mais caro, que dá acesso ilimitado ao espaço e à Internet, custa 120 euros por mês. Ao pertencer a um Hub, ganha-se automaticamente acesso a todos os Hub do mundo.

Cada Hub tem um perfil diferente, consoante as características da zona. No caso do de Paranhos, numa freguesia particularmente afectada pelo desemprego, privilegia-se uma missão social. "Um dos grandes dramas da sociedade de hoje é o desemprego. Uma solução é o auto-emprego. As pessoas têm ideias e competências, mas falta espaço físico, clientes e capital", diz Seabra.

Os principais parceiros do Hub são a Câmara do Porto, que cedeu o espaço, a Universidade do Porto (UP), a Universidade Católica, a Universidade Fernando Pessoa e a Fundação Cisco.

Impacto social
Na selecção de quem vai usufruir do Hub vão ser privilegiadas iniciativas inovadoras e com impacto social. Até porque "o empreendedor não tem que ser um empresário: também há activistas", nota o autarca.

No Hub vai funcionar um gabinete de informação e apoio a minorias étnicas, resultado de parcerias estabelecidas com associações de imigrantes. Outra das missões passa por favorecer o acesso a financiamento, fundamental para o arranque de empresas, apoio jurídico e contabilístico.

A UP participa, sobretudo, através do UPTEC - Parque de Ciência e Tecnologia, que ajudará na preparação de planos de negócios e noutras iniciativas. Miguel Seabra exemplifica: "O UPTEC lançou-nos um desafio. Vamos elencar os problemas da comunidade e lançar um concurso de ideias. O prémio é ficarem no nosso espaço".

As fundações EDP e Calouste Gulbenkian deverão ser também parceiras, bem como a Associação Nacional de Direito ao Crédito, que estimula o recurso ao microcrédito. A junta de freguesia quer também aproveitar a experiência da gigante da informática Cisco na formação, através da Cisco Networking Academy, presente em Portugal desde 2001.

Estimular as sinergias em rede

Com 635 metros quadrados, o Hub Porto conta com salas de formação profissional, um gabinete de emprego, um bar, uma galeria, salas de reuniões, um escritório comum e valências ligadas à incubação de empresas. A funcionar quase sem interrupções (com excepção dos fins-de-semana), é um misto de escritório, café e jardim destinado a empreendedores, freelancers e outras pessoas, da cidade ou da área metropolitana do Porto ou da Região Norte.

Este conceito de rede de empreendedores sociais foi também transposto para o projecto de arquitectura, a cargo de Eurico Salgado. "Optou-se por espaços abertos, muito transparentes, para que as pessoas estivessem permanentemente em contacto físico umas com outras", explica o arquitecto ao PÚBLICO.

À entrada do Hub haverá um mural que indica quem é membro naquele momento, com o objectivo de estimular as sinergias entre diferentes profissionais e projectos. Um técnico (o anfitrião) trata de encaminhar os interessados em participar na rede. Às sextas-feiras, ao final da tarde, haverá um "momento do vinho", precisamente para favorecer a troca de ideias entre os projectos.