18.7.09

Banco de Portugal e INE sinalizam estabilização da situação económica

Rosa Soares, in Jornal Público

Sinais positivos na confiança dos consumidores. A evolução da actividade económica de Maio, calculada pelo INE, mantém a tendência negativa


Depois de vários meses a evoluírem no pior sentido, os indicadores de actividade calculados pelo Banco de Portugal (BdP) e pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) começam a revelar sinais de estabilização. O indicador de clima económico, calculado pelo INE, recuperou dos 2,5 pontos negativos, em Maio, para os 2,1 pontos negativos em Junho, completando dois meses consecutivos de melhoria.

Do lado do BdP, a boa notícia vem do indicador coincidente mensal para a evolução da actividade económica, que caiu 2,8 por cento, depois de três meses a descer 2,9 por cento. A instituição liderada por Vítor Constâncio encara a melhoria desde indicador, que sintetiza a informação relativa ao Produto Interno Bruto (PIB) com cautela, definindo-a como "uma relativa estabilização".

A prudência está em sintonia com as projecções gerais da instituição, divulgada na última quarta-feira, que apontam para uma recessão acentuada no corrente ano (queda de 3,5 por cento do PIB), cenário que diminuirá de intensidade em 2010. A recuperação sustentada, segundo a última projecção do BdP, só chegará em 2011.
Relativamente aos dados ontem divulgados pelo BdP, há um indicador, o do consumo, que subiu pelo terceiro mês consecutivo: o indicador coincidente mensal para a evolução homóloga tendencial do consumo privado registou um aumento face ao mês anterior, de 0,4 por cento para 0,8 por cento. Neste agregado, começam a verificar-se quedas menos acentuadas no volume de negócios do comércio a retalho e nas vendas de veículos ligeiros de passageiros.

Melhoria ainda no sentimento económico, que subiu pelo segundo mês consecutivo, de 70,9 pontos em Maio para 71,4 pontos em Junho.

Os indicadores compilados pelo INE revelam a melhoria do clima económico - de 2,5 pontos negativos (Maio) para 2,1 pontos negativos (Junho) - e uma melhoria no indicador de confiança dos consumidores, que subiu para os 43,5 pontos negativos, contra os anteriores 46,2 pontos (Maio). A melhoria da confiança dos consumidores verificou-se pelo terceiro mês consecutivo e o indicador de consumo privado apresentou reduções menos intensas nos dois últimos meses, o que se deveu em Maio a uma ligeira aceleração do consumo corrente.

As expectativas de desemprego também registaram uma melhoria, com o indicador a passar de 73,8 pontos para 70 pontos.

Na síntese do INE há um dado preocupante: o indicador de actividade económica diminuiu em Maio para menos 4,1 por cento, atingindo um novo mínimo na série iniciada em 1991.Este indicador ainda não está disponível para o mês de Junho.
As importações e as exportações continuaram em Maio a registar taxas de variação homóloga "fortemente negativas" (acima de 25 por cento).

A taxa de variação homóloga mensal do Índice de Preços no Consumidor (IPC), de Junho, foi negativa em 1,6 por cento, tendo o indicador de inflação subjacente apresentado uma variação homóloga de apenas 0,3 por cento.

2,8%
O indicador do BdP que sinaliza a evolução da actividade económica caiu 2,8%, após dois meses a descer 2,9%