16.7.09

Desigualdade entre ricos e pobres baixou em Portugal

Nuno Carregueiro, in Jornal de Negócios Online

A disparidade entre os rendimentos na população portuguesa mais rica face à mais pobre diminuiu no ano passado e o risco de pobreza manteve-se, atingindo 18% dos portugueses.

A disparidade entre os rendimentos na população portuguesa mais rica face à mais pobre diminuiu no ano passado e o risco de pobreza manteve-se, atingindo 18% dos portugueses.

As conclusões constam do relatório do Instituto Nacional de Estatística sobre rendimento e condições de vida, hoje divulgado.

No ano passado, o rendimento dos 20% da população com maior rendimento era 6,1 vezes o rendimento dos 20% da população com menor rendimento, quando em 2007 este rácio era de 6,5. A tendência tem sido de queda ao longo dos últimos anos, já que em 2006 se situava em 6,8 e em 2005 em 6,9.

Ou seja, o fosso entre o rendimento dos ricos face aos pobres baixou no ano passado, tendo por base os rendimentos auferidos pelos portugueses em 2007, de acordo com a análise do INE.

Estreitando a análise para apenas 10% da população, o rácio que mede a desigualdade sobe para 10. Ou seja, os 10% mais ricos auferiram rendimentos 10 vezes superiores aos 10% mais pobres. O que também representa uma descida da desigualdade, já que em 2007 este rácio era de 10,8.

No relatório o INE adianta que o coeficiente de Gini, com um valor de 36%, evidencia também uma ligeira melhoria no distanciamento entre os mais ricos e os mais pobres,

apesar de a população residente continuar a caracterizar-se por forte desigualdade na distribuição dos rendimentos.

O coeficiente de Gini é indicador de desigualdade na distribuição do rendimento que visa sintetizar num único valor a assimetria dessa distribuição. Assume valores entre 0

(quando todos os indivíduos têm igual rendimento) e 100 (quando todo o rendimento se concentra num único indivíduo).

Risco de pobreza nos 18%

O INE refere ainda que inquérito revela que segundo os dados provisórios de 2007, 18% dos indivíduos encontravam-se em risco de pobreza, mantendo-se o valor estimado para 2005 e para 2006.

Segundo o INE, a taxa de risco de pobreza correspondia à proporção de habitantes com rendimentos anuais por adulto equivalente inferiores a 4.878 euros em 2007 (cerca de 406 euros por mês).

A análise por grandes grupos etários evidencia uma melhoria no risco de pobreza para os idosos: de 26% em 2006 para um valor de 22% em 2007. O risco de pobreza agravou-se para a população em situação de desemprego, com 35%, em comparação com 32% no ano anterior.

O relatório do INE refere que considerando apenas os rendimentos do trabalho, de capital e transferências privadas, 41% da população residente em Portugal estaria em risco de pobreza.

As transferências sociais, relacionadas com a doença e incapacidade, família desemprego e inclusão social, que reduziram em aproximadamente 6 pontos percentuais a proporção da população em risco de pobreza.