in Jornal de Notícias
A agência das Nações Unidas suspeita que 15 crianças tenham sido raptadas de hospitais no Haiti, na sequência do sismo de dia 12 de Janeiro e do caos que se vive no país.
“Infelizmente constatamos o desaparecimento de 15 crianças em diferentes hospitais no Haiti e suspeitamos que tenham sido raptadas por redes através de Santo Domingo", disse Jean Claude Legrand, assessor da UNICEF, citado pelo jornal “El Mundo”.
Desde o sismo de dia 12 de Janeiro, as agências da ONU têm alertado para possíveis casos de rapto de crianças haitianas para adopção, pelo que têm estado especialmente atentas na vigilância de menores que vagueiam pelo Haiti, porque já eram órfãos ou porque perderam as suas famílias.
foto EPA
Crianças haitianas à chegada à Holanda para serem adoptadas
A enviada da Agência Lusa a Port-au-Prince, Sílvia Maia, relatou hoje, sexta-feira, que a a UNICEF está a investigar a associação Brent Gambern Ministeries Helping, que se preparava para levar crianças órfãs para os Estados Unidos para adopção.
Elementos da associação pediram ontem, quinta-feira, ao coordenador da equipa de ajuda humanitária portuguesa, Elísio Oliveira, se podiam usar as instalações no aeroporto de Port-au-Prince. Tinham consigo quatro bebés haitianas.
O comandante da Protecção Civil aceitou o pedido mas seguiu de imediato para a base da UNICEF em Port-au-Prince e informou do sucedido.
Durante mais de uma hora, responsáveis da UNICEF interrogaram os responsáveis da associação e analisaram todos os documentos, nomeadamente a apresentação de autorizações da embaixada norte-americana, vistos para as crianças, fotografias dos bebés com as futuras famílias de adopção. Mas a UNICEF não fechou o processo e continua a investigar o caso.
Em declarações aos jornalistas, o representante da UNICEF no Haiti, Guido Cornale, reconheceu tratar-se de uma "situação que estava na fronteira", uma vez que "não foram seguidas as normas internacionais de adopção". "Vamos saber se tudo o que nos disseram corresponde à verdade", explicou.
Em declarações aos jornalistas, o responsável da associação que pretendia levar as crianças haitianas para adopção, Brent Gambern, saudou a actuação da UNICEF, lembrando que este tipo de acções "são necessárias" para impedir situações de tráfico de crianças.
Em declarações à Agência Lusa, o responsável da organização disse já ter autorização para levar 36 crianças estando a ultimar os processos de adopção de outras tantas. Os meninos estavam em dois orfanatos em Carrefour, uma cidade junto a Port-au-Prince, quando ocorreu o terramoto que matou milhares de pessoas.