in Jornal de Negócios
O Presidente da República afirmou hoje que a pobreza em Portugal "não é uma realidade sem remédio", tendo apelado à união de todos os portugueses para vencer as dificuldades que o país atravessa.
Cavaco Silva inaugurou hoje uma unidade residencial para idosos da Santa Casa da Misericórdia de Sardoal, instituição que celebra 500 anos de actividade, e participou na sessão comemorativa do 479º aniversário da elevação daquela localidade do distrito de Santarém à categoria de vila, por Carta Régia de 22 de Setembro de 1531.
O chefe de Estado sublinhou, na sua alocução, o "meio milénio de actividade no apoio aos mais frágeis, a doentes, a idosos carenciados e a crianças" por parte da Misericórdia, tendo observado que os governantes "demoraram muito tempo a reconhecer a importância" destas instituições.
"Só agora", afirmou, "face ao aumento da pobreza e do desemprego, que atinge muitos milhares de portugueses, os agentes políticos reconhecem este papel das Misericórdias e reconhecem-no face ao aumento do desemprego, ao aumento da exclusão social e da pobreza, …s situações de emergência e de novos pobres".
"O que seria de Portugal neste tempo de crise que atravessamos se não fosse a dedicação de milhares de portugueses a apoiarem os mais fracos da nossa sociedade?", questionou Cavaco Silva.
"Sempre valorizei o papel das Misericórdias", disse, assegurando que o vai "continuar a fazer no futuro".
O Presidente da República referiu-se ainda ao papel do mundo rural, afirmando que "um Interior despovoado e envelhecido significa um país mais pobre".
O mundo rural "faz parte da nossa identidade e não há um Portugal rico e de progresso se ele estiver confinado a uma estreita faixa do Litoral", observou.
Segundo disse o chefe de Estado, "as autarquias precisam de criar condições para que os jovens não abandonem a sua terra". E acrescentou que os seus responsáveis "têm sobre os ombros a tarefa de reforçar a capacidade produtiva de cada concelho, em termos económicos, culturais e paisagísticos".
Cavaco Silva realçou que "as dificuldades" que o país atravessa "só serão vencidas se juntarmos ao trabalho da grande cidade e da grande empresa aquilo que é feito na pequena vila, na aldeia, ou na pequena empresa".