in Jornal Público
O que se queria e aonde já se conseguiu chegarO que se queria e onde já se conseguiu chegar
1.Erradicar a pobreza extrema e a fome Nos últimos dias chegaram boas notícias: há menos 98 milhões de pessoas a passar fome do que em 2009, ainda que o número continue astronómico: 925 milhões. Está-se acima dos 842 milhões de 1990, muito longe do objectivo de reduzir o valor a metade. A intenção de cortar ao meio a pobreza fez progressos - de 1,8 mil milhões que viviam com 1,25 dólares para 1,4 mil milhões, em 2005 - e a ONU está optimista. Os maiores avanços têm sido na Ásia Oriental. Lado negro: a crise económica empurrou este ano 64 milhões de pessoas para a miséria.
2.Ensino primário universal Os avanços são claros em numerosos países, mas os progressos parecem insuficientes para garantir a todas as crianças do mundo um ciclo de ensino primário completo. Cerca de 69 milhões não têm acesso à escola - quase metade, 31 milhões, vivem na África Subsariana. Mas o cenário melhorou: em 2008 as matrículas chegaram aos 89 por cento da população escolar nos países em desenvolvimento, contra 83 por cento em 2000.
3.Promover igualdade de géneros e competências das mulheres As diferenças entre sexos diminuíram na educação básica, não no nível universitário. Os últimos dados para as zonas em desenvolvimento são de 2008: 95 raparigas matriculadas por cada 100 rapazes, um ganho de quatro por cento face a 1999. A percentagem de mulheres empregadas fora do sector agrícola está em 20 por cento na Ásia do Sul, Ásia Ocidental e Norte de África. A nível global, a proporção de mulheres nos Parlamentos é de 19 por cento.
4.Reduzir a mortalidade infantil Será difícil que o objectivo de diminuir em dois terços a taxa de mortalidade de menores de cinco anos seja alcançado, ainda que os números mais recentes confirmem progressos: de 100 mortes por 1000 nados-vivos em 1990 para 72 em 2008. Quase nove milhões de crianças com menos de cinco anos morrem anualmente. Só dez dos 67 países que têm as taxas de mortalidade infantil mais elevadas estão a progredir. As taxas de mortalidade mais elevadas registam-se na África Subsariana, com a morte de uma criança em cada sete.
5.Melhorar a saúde materna Mais de 350 mil mulheres morrem anualmente de complicações ligadas à gravidez e ao parto e quase todas (99 por cento) vivem em países em desenvolvimento. Está muito longe a meta de diminuir em três quartos a taxa de mortalidade materna, que, em 1990, era de 430 mortes em cada cem mil nascimentos e, em 2005, tinha caído apenas para 400. Na África subsariana, o risco de mortalidade materna é de 1 para 30 contra 1 para 5600 nas regiões desenvolvidas.
6.Combater o VIH/Sida, a malária e outras doenças O número de novas infecções por VIH tem baixado desde o pico de 3,5 milhões em 1996 e foi em 2008 de 2,7 milhões. As mortes também diminuíram de 2,2 para 2 milhões, entre 2004 e 2008. Em 2008, havia 33,4 milhões de pessoas com sida, dois terços na África subsariana. Todos os dias, mais de 7400 pessoas são contaminadas e 5500 morrem de doenças ligadas à sida. A malária mata uma criança a cada 45 segundos e 1,8 milhões morreram de tuberculose em 2008.
7.Sustentabilidade ambiental Desde 1990, 1,7 mil milhões de pessoas passaram a ter acesso a água potável e em países como a China e a Índia o objectivo já foi alcançado. Mas esse bem é ainda uma miragem para 884 milhões. Cerca de 2,6 mil milhões não têm acesso a saneamento básico. Uma das metas inscritas neste objectivo - reduzir a perda de biodiversidade - está longe de ser conseguida. O número dos que vivem em bairros de lata continua a aumentar e é hoje de 828 milhões de pessoas.
8.Parceria global para o desenvolvimento A ajuda pública ao desenvolvimento tem aumentado e está calculada em média em 0,31 por cento do rendimento dos países desenvolvidos, bem abaixo dos 0,7 preconizados pelas Nações Unidas. Os fluxos de ajuda atingiram no ano passado o nível recorde de 120 mil milhões de dólares, que devem subir para 126 milhões este ano, mas o valor é inferior ao considerado necessário e aos compromissos assumidos. África é a principal penalizada: viu serem-lhe prometidos 25 mil milhões de dólares adicionais, deverá receber só 11 mil milhões. J.M.R.