Ana Margalho, in Diário de Coimbra
Trinta e três instituições e Coimbra juntam-se a luta contra a pobreza
Durante sete dias, a cidade celebra o Dia Mundial da Erradicação da Pobreza sensibilizando para os oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio
Coimbra quer ser a primeira Cidade Justa do Mundo. Mesmo que a crise esteja a atrasar a criação de uma Rede Internacional de Cidade Justas, ideia lançada pela ONU, tudo está encaminhado para que, no próximo dia 17 de Outubro, seja assinado, em Coimbra, o Manifesto Anti-Pobreza, um documento que compromete as autoridades públicas locais na luta contra a pobreza.
Este é um dos momentos mais importantes das comemorações do Dia Mundial da Erradicação da Pobreza, que se celebra dia 17, mas que inclui um conjunto de outras iniciativas que 33 instituições de Coimbra se comprometem a realizar, entre os dias 11 e 18 do próximo mês, para sensibilizar a população para a importância de serem cumpridos, até 2015, os oito Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM).
As comemorações da efeméride são o ponto de partida. Para esse dia, para além da assinatura do manifesto, está marcada uma Marcha Branca contra a Pobreza, que partirá da Praça da República, às 10h00, para percorrer toda a Baixa da cidade até ao Parque Verde, chamando a atenção da população para os oito ODM, nomeadamente o primeiro que se refere à necessidade de «erradicar a pobreza extrema e a fome».
Enquanto esta notícia esteve a ser escrita, ontem, ou enquanto a estiver a ler, hoje, serão milhares as pessoas a morrer à fome em todo o Mundo. Aliás, a média diária a nível mundial é de 70 mil mortes devido à falta de alimentação.
Por isso, as 33 instituições que aderiram ao projecto fizeram da erradicação da pobreza e da fome a principal bandeira da campanha, promovendo exposições, uma Feira do Comércio Justo e Solidário, debates, um ciclo de cinema no TAGV ou apresentando um documentário, todos centrados nos oito ODM, mas onde a pobreza e a fome são pontos centrais da discussão.
Apresentar os oito
ODM é primeiro passo
«A política pública internacional que não consegue resolver estes problemas, consegue injectar milhões e milhões para salvar o sistema financeiro, que seriam mais do que suficientes para tirar as pessoas de uma situação de fome extrema», criticou Hernâni Caniço, da Saúde em Português, durante a apresentação do programa da campanha “Coimbra Unida contra a Pobreza”.
O presidente da associação que lidera este projecto lamentou que exista «responsabilidade da sociedade civil, mas que não exista dos Estados, para executar políticas públicas a favor do bem comum».
Em Coimbra, a campanha tem como objectivo informar a sensibilizar a população de Coimbra sobre os ODM. Como referiu, durante a cerimónia, Raquel Freire, da Associação Atlas, «o primeiro passo para se cumprirem os ODM». É isso que as 33 instituições que ontem assinaram o protocolo que formaliza a parceria se propõem fazer durante sete dias, desenvolvendo iniciativas que cheguem a toda a população, mas principalmente às crianças e aos jovens.
Se não sabe quais são, não faltarão oportunidades para se cruzar com os oito ODM. A campanha inclui, para além de um programa de actividades, um spot para televisão e oito para rádio, um site – www.odmcoimbra2010.org –, uma página no Facebook, e cartazes espalhados pela cidade e nos autocarros de Coimbra.
Voluntários apresentam
ODM nos concertos dos U2
Setenta e cinco voluntários estarão, no próximo fim-de-semana, nas imediações do Estádio Cidade de Coimbra para divulgar a campanha Coimbra Unida contra a Pobreza e sensibilizar para a importância de serem cumpridos os oito ODM até 2015. Esta iniciativa, que aproveita a verdadeira enchente que se espera que circule naquela zona da cidade devido aos dois concertos dos U2, será realizada em parceria com a Amnistia Internacional. Haverá, também, um cartaz afixado no interior do estádio para divulgar a campanha.