20.9.10

Norte vira-se para Espanha em busca de negócios e ciência

Helena Norte,in Jornal de Notícias

Portugal e Espanha vão analisar, na próxima cimeira bilateral, a criação da primeira macro-região ibérica, que agrega o Norte, a Galiza e Castela e Leão. Espaço de nove milhões de habitantes abre novas perspectivas de negócio e investigação científica.

O memorando de entendimento que abre portas à cooperação tripartida e à constituição de uma macro-região, designada de Sudoeste Europeu, já foi assinado, em Valladolid, pelos presidentes da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e das juntas de Galiza e de Castela e Leão.

O passo seguinte é o reconhecimento, por parte dos dois governos, da importância estratégica deste novo modelo de cooperação, que surge das experiências bilaterais e transfronteiriças que já estão no terreno, explicou ao JN Carlos Lage, presidente da CCDR-N. A ideia que subjaz a esta iniciativa ibérica não é a de criação de novos organismos, mas a de complementar as comunidades de trabalho já existentes.


O assunto deverá ser levado à agenda da próxima Cimeira Luso-Espanhola, marcada para Dezembro, em Elvas, pelo presidente da Junta de Castela e Leão. Se os dois estados estiverem de acordo quanto à importância da constituição da macro-região do Sudoeste Europeu, a proposta será apresentada às instâncias comunitárias.


Na perspectiva portuguesa, a macro-região é mais uma oportunidade para estreitar relações e contactos com as regiões vizinhas.


"O Norte é a maior região exportadora de Portugal, precisa articular-se mais com outras regiões", sublinha o responsável da CCDR, acrescentando: "O movimento da cooperação tranfronteiriça já está em marcha; é preciso intensificá-lo".

Se, até agora, as relações com a Galiza têm privilegiado a orla marítima e com Castela e Leão as potencialidades da bacia hidrográfica comum do Douro, a macro-região, ao promover laços tripartidos, abre novas oportunidades de negócio e de desenvolvimento, explica Carlos Lage. Tanto mais que, juntas, as três regiões constituem um espaço de nove milhões de habitantes. E a ideia é continuar a crescer, até porque há outras regiões espanholas e também francesas interessadas em aderir à macro-região.

As macro-regiões são uma inovação na arquitectura da Europa a 27. Para já, estão apenas duas constituídas, uma que agrega regiões do Mar Báltico e outra em torno do rio Danúbio.