por Pedro Sousa Tavares, in Diário de Notícias
Até 2015, ministério quer reduzir taxa de desistência aos 16 anos de 13,08% para 4%, baixar insucesso no 12.º ano para metade e melhorar resultados de exames do 4.º ao 12.º
Baixar os chumbos no secundário de 20,1% para 12%. Reduzir a percentagem de alunos que desistem da escola aos 16 anos de 13,08% para 4%. Aumentar em quatro pontos percentuais as positivas a Matemática e Português nas provas externas, do 4.º ao 12.º anos.
Estas são algumas das ousadas metas traçadas no Programa Educação 2015, que o Governo que ver posto em prática de imediato. "Sem ambição não há evolução e nós precisamos de ter ambição", defendeu ontem a ministra da Educação, Isabel Alçada, ressalvando que "cada agrupamento fará a sua própria meta" e será pela "convergência de resultados" que se atingirão os fins.
O projecto - já apresentado às escolas e prestes a ser discutido com as autarquias - é bem acolhido nas suas intenções. Porém, professores, directores e pais avisam que o próprio Governo tem de assumir o desafio, criando condições para a evolução.
"Li o documento e deve haver algum erro, porque falta a parte em que o Ministério da Educação explica o que vai fazer ", ironiza Mário Nogueira, secretário-geral da Federação Nacional dos Professores ."É muito importante que se tracem objectivos, que se explique o que se pretende das escolas, dos professores, dos pais e das autarquias", admite. "Mas não chega dizer-se que se tem fé, isto não é uma questão religiosa."
Para o dirigente sindical, melhorar resultados implica medidas, como "reformular currículos" ou reforçar "a formação contínua dos professores". E o abandono não se reduz "apenas na escola, mas combatendo as suas causas sociais. Nesta altura de crise, deveria haver um reforço do apoio à família", defende.
Mas as dificuldades económicas, "que poderão reflectir-se no Orçamento da Educação em 2011", não o deixam optimista.
Adalmiro Botelho da Fonseca, presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, concorda com a necessidade de se fazerem investimentos, "nomeadamente para apoiar as escolas com outros técnicos, como psicólogos e assistentes sociais. Sem dinheiro, não se faz nada", admite.
Porém, considera "ainda mais importante dar às escolas uma verdadeira autonomia para gerirem os seus meios, nomeadamente os seu recursos humanos. Hoje, muita coisa que passa pelas direcções regionais poderia ser decidida nas escolas", defende. "Na minha escola, estou desde Junho à espera de autorização para abrir um centro Novas Oportunidades", ilustra este director, ainda assim confiante de que "a maioria das escolas" conseguirá atingir as metas.
Albino Almeida, da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) considera que este é um desafio que "tem de ser assumido", e com "a participação" dos encarregados de educação.
Mas pede ao Ministério que dê o exemplo: "A Confap está muito preocupada no início deste ano lectivo, e apela a que rapidamente sejam colocados os psicólogos; os professores de substituição que vão ocupar os lugares de colegas doentes; e que sejam homologados os contratos de emprego-inserção dos técnicos que poderão ajudar atingir estes objectivos."