29.12.14

As crianças que passavam fome

Vítor Matos, in Sábado

Quatro anos depois de serem capa da revista, a SÁBADO entrevista as mesmas cinco crianças que tinham dificuldades extremas em 2010

A troika ainda não estava em Portugal quando a SÁBADO entrevistou cinco crianças que não passavam mais fome porque tinham ajuda do Banco Alimentar e de outras instituições sociais. Foi em Outubro de 2010. O Governo socialista de José Sócrates tinha posto em marcha as primeiras medidas de austeridade: aumento de 2% no IVA, reduções nos abonos de família e cortes no Subsídio Social de Reinserção. Quatro anos depois de terem sido capa na revista SÁBADO, fomos visitar as mesmas crianças para ver se as suas vidas tinham mudado (ver as notícias relacionadas).

A maioria considera que está hoje melhor, mesmo que os rendimentos oscilem entre os 500 euros para uma família com dois filhos e os 800 para uma mãe divorciada com três rapazes.

Em 2011, quando o PSD ganhou as eleições e foi posto em marcha o programa de ajustamento, com todos os seus sacrifícios, o risco de pobreza atingia 21,8 por cento das crianças portuguesas. Em 2012, os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística apontavam para 24,4 por cento de crianças em risco de pobreza. Um relatório do Comité Português para a Unicef realçava, este ano, que uma em cada quatro crianças vivia em famílias com dificuldade ou incapacidade de pagar um empréstimo, renda de casa ou ter uma refeição de carne e peixe a cada dois dias.

As mesmas cinco crianças voltam a contar à SÁBADO, pelas suas próprias palavras, como é viver em privação. As entrevistas foram todas autorizadas pelos pais e os nomes são fictícios para proteger a sua identidade. Tal como em 2010, pedimos para desenharem o seu auto-retrato para com ele taparem a cara. Nos vídeos, as vozes estão ligeiramente distorcidas pela mesma razão.