Rita Pimenta, in Público on-line
Um “ser humano que ainda se está a formar, na fase da infância”, é uma “criança”. Queríamos falar delas, e no plural, tão-só por ser Dezembro, tão-só por ser Natal. A actualidade não deixou que o motivo fosse apenas esse. Deu-nos outros, trágicos, para a escolha desta Palavra da Semana.
“Seis combatentes do Movimento dos Taliban do Paquistão entraram pela manhã numa escola frequentada por filhos de militares, no Noroeste do país, e mataram mais de 140 pessoas, a maioria crianças e adolescentes entre os 12 e os 16 anos de idade. Muitos foram executados no principal auditório da escola, mas os sobreviventes dizem que os atacantes foram de sala em sala e abriram fogo contra alunos e professores.” Eis a terrível notícia de terça-feira.
A jovem Malala Yousufzai, prémio Nobel da Paz 2014 e ainda há pouco uma criança, disse sobre o massacre na escola de Peshawar: “Este acto de terror sem sentido e cometido a sangue-frio deixou-me com o coração partido. Crianças inocentes nas suas escolas não devem estar sujeitas a este tipo de horrores.”
O dicionário regista “garoto”, “menino” e “miúdo” como sinónimos de “criança”. Foram 47 os “miúdos” vítimas de tráfico em Moçambique entre Janeiro e Outubro deste ano, anunciou a Procuradoria-Geral da República em Maputo, no IV Debate Nacional sobre a Prevenção e Combate ao Tráfico de Pessoas. Mais uma triste notícia da mesma terça-feira, só que noutra geografia.
Trabalho infantil, pedofilia, pobreza e mortes sem sentido não combinam com desejos de boas-festas e Natal feliz.
Escreveu Fernando Pessoa, no poema Liberdade, “grande é a poesia, a bondade e as danças.../ Mas o melhor do mundo são as crianças”. Se as deixarem viver.