Natália Faria, in Público on-line
Enquanto os espanhóis deverão continuar a aumentar até aos 47,6 milhões em 2080, os portugueses poderão estar reduzidos a 7,1 milhões nessa data.
A população portuguesa está mais envelhecida do que a espanhola e tem uma menor esperança de vida à nascença, segundo o retrato comparado da realidade ibérica que o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou esta terça-feira.
No retrato comparado, ressalta que as espanholas adiam mais do que as portuguesas o momento de ter o primeiro filho. Do lado de lá da fronteira, o risco de pobreza entre os jovens é mais elevado do que cá: 34,8% contra 28,4% em Portugal. Ambos os países têm menos casas ligadas à Internet do que a média da União Europeia.
As projecções demográficas actuais estimam que em 2080 os portugueses terão decrescido dos actuais 10,5 milhões para apenas 7,1 milhões. Ao contrário, em Espanha a população deverá aumentar de 46,7 para 47,6 milhões. As taxas de crescimento dos dois países têm registado quebras acentuadas, mas enquanto Espanha registou uma quebra de -4,7% em Portugal essa quebra já era, no mesmo ano, de -5,7%.
Por cá, há mais bebés a nascer fora do casamento: 45,6% em 2012, contra os 35,3% de Espanha. Portuguesas e espanholas partilham também o facto de, no período compreendido entre 2004 e 2013, virem a adiar continuamente o momento em que têm o primeiro filho. Apesar disso, as espanholas têm-no numa idade mais avançada: 30,4 anos em média, em 2013; contra os 29,7 anos em Portugal.
Os espanhóis ganham aos portugueses na esperança de vida à nascença. Em Espanha era, em 2012, de 79,5 anos para os homens e de 85,5 anos para as mulheres. Quanto aos portugueses, ficavam-se nesse mesmo ano nos 77,3 anos para os homens e nos 83,6 anos para as mulheres. Do mesmo modo, a esperança de vida saudável aos 65 anos era, em 2011, mais elevada em Espanha para ambos os sexos (homens 9,7 anos; mulheres: 9,2 anos). Já os portugueses podem após os 65 anos de idade contar com mais 7,9 anos de vida saudável, no caso dos homens, e de 6,4 anos no caso das mulheres.
A educação, mais concretamente o abandono escolar, é o campo em que os portugueses se saem melhor neste retrato comparado. Apesar de ambos os países registarem diminuições contínuas nas taxas de abandono escolar, Portugal regista quer a descida mais acentuada (39,3% em 2004 e 18,9% em 2013) quer o valor mais baixo, já que em Espanha essa taxa era em 2013 de 23,6%.
Ao mesmo tempo, Portugal registou um aumento mais acentuado nas taxas de escolaridade do nível superior, ou seja, passou de 16,3% em 2004 para 30% em 2013. Porém, em Espanha os valores foram sempre superiores, quer em relação a Portugal quer em relação à média europeia. Por outro lado, há mais portugueses do que espanhóis a irem estudar no estrangeiro: 4,9% contra 1,5%.
Um denominador comum aos dois países é o elevado preço que as respectivas populações pagam pelas comunicações e que, segundo o INE, é “bastante acima” da média europeia. Tal poderá ajudar a perceber por que é que a proporção de alojamentos com ligação à Internet seja inferior à verificada no conjunto da União Europeia quer em Portugal quer em Espanha. O destaque do INE aponta valores próximos dos 62% em Portugal e 70% em Espanha, contra os 79% da União Europeia.
Em termos de pobreza, as estatísticas relativas a 2012 mostram que 25,3% dos residentes em Portugal e 28,2% dos residentes em Espanha se encontrava em risco de pobreza ou exclusão social. Mas convém aqui lembrar que esta taxa representa a proporção de indivíduos com um rendimento abaixo dos 60% do rendimento nacional mediano. Como este, tal como o salário mínimo nacional, é em Portugal bastante mais baixo do que em Espanha, é também menor a percentagem de indivíduos que ficam abaixo dessa linha.