por Erika Nunes e Teresa Costa, in Dinheiro Vivo
Comércio perde empresas e trabalhadores, mas mantém volume de negócios.
O trabalho temporário abrange praticamente um quarto (26,4%) dos trabalhadores ao serviço das grandes unidades comerciais, que no total empregam quase 100 mil pessoas, segundo dados do INE.
O comércio perdeu quase quatro mil empresas e 20 mil trabalhadores, mas manteve o volume de negócios, num só ano, de 2012 para 2013.
Por outras palavras, tudo culminou no apuramento de um total de 232 mil empresas (22% da totalidade do setor empresarial), que empregavam 733 mil trabalhadores (21,3%), e geraram um volume de negócios de 119,6 mil milhões de euros (37,0%).
No caso concreto das chamadas "Unidades comerciais de dimensão relevante", o Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou que empregam 98,7 mil pessoas, das quais 26,4% estavam em trabalho temporário, ou seja, quase um em cada quatro trabalhadores está abrangido por este regime. Também se conclui que 70,7% do pessoal ao serviço eram mulheres.
"Perecariedade é exagerada"
Em relação ao regime laboral praticado nas grandes unidades comerciais, o sindicato encara os números "sem surpresa", para lamentar que, "nos super e nos hipermercados, a precariedade é exagerada", como comenta Jorge Pinto, coordenador da Direção Regional do Norte do CESP.
"Nem todas as empresas do setor têm a mesma taxa de precariedade, mas é um recurso persistente, sobretudo, por ocasião dos picos de venda, uma situação contra a qual temos vindo a lutar", sublinha Jorge Pinto.
Quanto à dinâmica do setor - de estar a perder empresas e trabalhadores, mas a manter o volume de negócios -, o sindicalista entende que "esse só pode ser o resultado das fortes campanhas que as empresas estão a desenvolver para fidelizar clientes, com cartões e descontos".
Margens a duplicar
Mas as grandes unidades destacam-se ainda por outra realidade. Segundo o INE, as empresas do comércio a retalho do "grupo 471", onde se incluem hipermercados, supermercados e outras grandes superfícies dedicadas à venda de bens variados, foram as que "obtiveram a mais elevada margem comercial": 170 mil euros por empresa, "valor que representa mais do dobro das margens por empresa observadas na maioria dos restantes grupos de comércio a retalho".
Marca própria
Em 2013, a venda de produtos de marca própria abrangeu 34,9% do volume de vendas global do segmento alimentar (em 2012 era 34,4%), enquanto no segmento não alimentar representou 48,0% do volume de vendas (48,4% em 2012).