Alexandra Campos, in Público on-line
Novos casos de infecção na população com mais de 49 anos representam já um quinto do total.
Os novos casos de VIH/sida e as mortes associadas a esta infecção diminuíram em 2013, tal como já acontecera em anos anteriores, mas os dados não chegam para sossegar os responsáveis que trabalham nesta área. Os números são mais baixos do que os registados no passado mas, ainda assim, 458 pessoas morreram em 2013 devido a esta infecção.
“Os valores apresentados ainda se mantêm significativamente acima dos reportados pela grande maioria dos outros países da Europa ocidental”, frisam os autores do documento Portugal – Infecção VIH, Sida e Tuberculose em Números, 2014, que esta sexta-feira é divulgado em Lisboa.
As boas notícias são as de que em 2013 se verificou um decréscimo mais acentuado do que em anos anteriores do número de novos casos de infecção por VIH (menos 13,7%) e de sida (menos 21,2%), tal como do total de óbitos (menos 8,6%). Também a transmissão mãe-filho ocorreu apenas em dois dos 197 recém-nascidos de mães infectadas.
Os dados indicam, porém, que a infecção VIH/sida afecta cada vez mais pessoas em idades avançadas em Portugal: os novos casos notificados na população acima de 49 anos representavam, no ano passado, mais de um quinto do total.
Quanto à distribuição geográfica, esta está “cada vez mais circunscrita regionalmente (Lisboa e, em segundo plano, Setúbal e Faro)”. A região de Lisboa (sobretudo a Grande Lisboa e a Península de Setúbal) concentrou mais de metade (55%) do total de casos notificados, com o concelho de Lisboa a apresentar uma taxa de incidência "mais de três vezes superior à média nacional". Sem surpresas, é nos grandes centros urbanos que se verificam as taxas de incidência de novos casos mais elevadas: além de Lisboa e Porto, Loures, Amadora, Setúbal, Sintra, Oeiras e Faro.
Menos seringas trocadas
A forma de transmissão também não se alterou significativamente. A transmissão da infecção através de relações sexuais correspondeu a mais de 90% do total de casos notificados e a transmissão em homens que têm sexo com homens (HSH) “foi a única que aumentou” na última década, apesar de ter estabilizado em 2013. Em sentido contrário, a transmissão em utilizadores de drogas injectáveis "acentuou a tendência de decréscimo" e foi mesmo inferior a 7% do total de casos notificados.
Em relação à tuberculose, também há uma diminuição a registar (foram notificados 2195 novos casos durante o ano de 2013, menos 7%). Porto e Lisboa continuam a ser as cidades com maior incidência de tuberculose e mais de um terço dos doentes tinham outras patologias "reconhecidas como de risco para tuberculose". Dos 1114 casos com tuberculose confirmada e tratamento terminado, cerca de 10% (113) morreram no decorrer do tratamento, refere o documento.
Numa altura em que os números da infecção vão diminuindo, o que é preciso, pois, é apostar sobretudo na prevenção e no diagnóstico atempado. Um dos grandes problemas já destacado anteriormente por vários responsáveis é, aliás, o de que mais de metade dos novos diagnósticos de VIH em Portugal são tardios.
Mas, na prevenção primária, ainda há muito a fazer. O número de seringas trocadas até diminuiu no ano passado (cerca de 950 mil, substancialmente menos do que em anos anteriores), o que “é parcialmente explicado pela integração faseada nos centros de saúde neste programa” (recorde-se que as farmácias deixaram em 2012 de participar no programa de troca de seringas).
No ano passado, o número de preservativos distribuídos gratuitamente (mais de três milhões) aumentou um pouco em relação a 2012, mas, quando comparado com anos anteriores, é igualmente muito inferior.