31.12.14

Ibéricos. Preços idênticos mas espanhóis têm mais 6500 euros por ano

Por Filipe Paiva Cardoso, in iOnline

Portugal e Espanha têm preços idênticos mas PIB per capitaem Espanha é 41% superior ao português

Os institutos nacionais de estatística espanhol e português publicaram ontem a 11.a edição de "A Península Ibérica em Números", relativa a 2014. A publicação divulga indicadores que visam comparar os dois países e a posição de cada um no contexto da União Europeia.

Em termos económicos, destaque para a quase paridade no custo de vida, uma igualdade que contrasta com o rendimento de cada país. As famílias portuguesas e espanholas enfrentam preços próximos de 90% e 95%, respectivamente, da média europeia em alimentos e bebidas não alcoólicas. No vestuário e no calçado a posição inverte-se, com os portugueses a pagarem mais - 95% versus 90% -, com os acessórios para o lar mais caros em Espanha: perto de 98% da média europeia contra os 80% de Portugal - divisão semelhante aos preços de restaurantes e hotéis. Já nos transportes, as famílias residentes nos dois países pagam entre 90% a 95% da média da UE.

Se o custo de vida entre os países é semelhante, a riqueza de cada família já diverge bastante de país para país: segundo os dados dos INE, em 2013 o PIB per capita português foi de 15,8 mil euros, ao passo que em Espanha chegou a 25,7 mil euros, valores aquém da média europeia, região em que varia entre os 83,4 mil euros de PIB per capita do Luxemburgo e os 5,5 mil euros das famílias na Bulgária.

Apesar das diferenças entre custos e poder de compra, os dados estatísticos apontam que em 2012 a taxa de risco de pobreza em Portugal era inferior à espanhola, com 25,3% da população portuguesa em risco e 28,2% no caso espanhol. Estes cálculos, porém, são alvo de muita discussão pelo método que seguem: é considerado em risco de pobreza aquele que ganhar menos de 70% do rendimento médio do país, sem qualquer relação com o custo de vida ou com o rendimento médio do país - que em Portugal é 50% inferior ao da União Europeia.

As crescentes dificuldades financeiras das famílias em Portugal podem também explicar outra diferença marcante nas perspectivas de muito longo prazo de Portugal e Espanha: entre 2020 e 2080, a população espanhola deverá passar de 45,8 milhões de habitantes para 47,6 milhões. Já em Portugal a estimativa é de uma pesada quebra: os 10,1 milhões de 2020 não serão mais que 7,1 milhões em 2080. A tendência de decréscimo populacional é já, aliás, uma realidade no país.