5.6.23

Taxa de juro média dos depósitos só em abril superou os 1%, ainda abaixo dos 2,5% dos novos certificados de aforro

Diogo Cavaleiro, in Expresso



Governo baixou remuneração inicial dos certificados de aforro de 3,5% para 2,5% numa altura em que bancos estão a melhorar remuneração dos depósitos - só que esse juro garantido pela banca é ainda muito inferior a 2,5%


“Em abril, a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares aumentou de 0,90% para 1,03%, ultrapassando 1% pela primeira vez desde março de 2015”, indica o Banco de Portugal. Há oito anos que os depósitos não chegavam tão longe nos juros pagos aos depósitos.

A questão é que em março de 2015 a taxa de juro determinada pelo Banco Central Europeu estava em 0,05% e agora segue nos 3,5%. Só que esse agravamento abrupto decidido pelos governadores liderados por Christine Lagarde não tem vindo a puxar de forma significativa pelos juros nos depósitos.

A subida dos juros nos depósitos até tem sido consistente (o juro médio das novas operações encontrava-se em 0,05% em setembro), mas os valores estão bastante distantes dos juros que estão a ser cobrados nos créditos (perto dos 4%). E são também inferiores à remuneração dos certificados de aforro – que era de 3,5% até à sexta-feira passada, quando o Governo decidiu baixar tal remuneração inicial para 2,5%.

Em nenhum dos prazos, a média paga pelos bancos ali chega perto: “Os novos depósitos com prazo até 1 ano foram remunerados, em média, a 0,95% (0,88% em março). A remuneração média dos novos depósitos de 1 a 2 anos foi de 1,29% (1,12% em março) e a dos novos depósitos acima de 2 anos foi de 1,12% (0,79% em março)”, especifica a autoridade bancária.

A descida das remunerações tem contribuído para que os próprios montantes de depósitos venham recuando: “em abril, o montante de novas operações de depósitos a prazo de particulares totalizou 6214 milhões de euros, menos 1349 milhões do que no mês anterior”.

Nas empresas, a competitividade tem sido maior (até porque a dimensão dos juros é também ela superior) e em abril o juro de depósitos estava em 2,33%, comparável aos 1,98% em março.
JURO DA HABITAÇÃO PERTO DOS 4%

Enquanto os bancos se demoram a refletir nos juros dos depósitos a nova política monetária, o mesmo não tem acontecido em relação aos créditos, cuja revisão periódica tem vindo a agravar em milhões de euros as prestações pagas pelos clientes particulares à banca.

A taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação fixaram-se em 3,97% em abril, quando estava em 3,86% em março passado. Nos créditos ao consumo
DIFERENCIAL FIXA VS VARIÁVEL VOLTA A CAIR

Entretanto, voltou a verificar-se, em abril, um estreitamento da diferença entre taxa de juro fixa (sem mudanças ao longo da vida do contrato de crédito) e variável (em que o juro altera consoante a Euribor acordada, três, seis ou 12 meses, normalmente).

“O diferencial entre a taxa de juro média dos novos empréstimos à habitação contratados a taxa variável e a taxa de juro fixa voltou a diminuir. A taxa de juro média dos novos empréstimos a taxa variável aumentou 0,15 pontos percentuais, para 3,98%, enquanto a taxa de juro média dos novos empréstimos a taxa fixa diminuiu 0,05 pontos percentuais, para 4,23%”, sublinha o Banco de Portugal.

No caso das empresas, “a taxa de juro média dos novos empréstimos às empresas aumentou de 5,11% em março para 5,13% em abril”.

Em atualização