in O Primeiro de Janeiro
O Presidente da República, Cavaco Silva, pediu que se faça mais investigação na área das Ciências Sociais e Humanas relativamente à questão da pobreza no mundo, e salientou a importância do trabalho que tem vindo a ser feito pela UNESCO no combate ao fenómeno.
Numa mensagem enviada aos participantes na Conferência Internacional da UNESCO sobre a «Erradicação da pobreza», que arrancou terça-feira e se prolonga até amanhã em Lisboa, Cavaco Silva sublinhou “a importância e a urgência” da tomada de medidas “contra a globalização da pobreza”, salientando que devem ser “criadas condições para reinventar a esperança de um mundo mais justo e digno”. Na missiva, lida pelo presidente do Comité Nacional da UNESCO, Fernando Andresen Guimarães, o Chefe de Estado “salientou a importância da presença em Portugal” dos investigadores a quem, no âmbito do programa de pequenas bolsas daquele organismo internacional, foram atribuídas bolsas de investigação sobre o fenómeno da pobreza.
Os investigadores têm como missão apresentar estratégias para a erradicação da pobreza e a preparação de planos de acção nacionais baseados nos direitos humanos, que foram apresentadas no decurso da conferência. Cavaco Silva frisou que a erradicação da pobreza e a inclusão social “ganham cada vez mais destaque no mundo”, pelo que estas questões “pedem que importantes medidas sejam tomadas”. “As limitações no acesso a direitos fundamentais e as limitações no acesso a bens necessários e culturais não podem continuar”, afirmou o Presidente da República. Para Cavaco Silva “é fundamental e urgente tomar medidas contra a crescente globalização da pobreza, uma vez que os novos desafios da globalização não têm correspondido para potenciar capacidades que a realidade proporciona”.
A sessão de abertura formal da conferência contou com a presença do subdirector-geral do Sector das Ciências Sociais e Humanas da UNESCO, Pierre Sané, que salientou a “importância fundamental que o combate à pobreza representa”, acrescentando que a pobreza extrema no mundo se deve a “falta de respeito pela dignidade e pelos direitos humanos”. Pierre Sané lembrou que mais de três mil milhões de pessoas vivem abaixo do limite de pobreza (cerca da metade da população mundial), e que uma “pessoa pobre é excluída da humanidade”. “É preciso empenharmo-nos a nível global, o que ainda não aconteceu. Tenho dificuldade em perceber como é que continuamos a ignorar estas injustiças e a virar a cara a este problema”, concluiu aquele responsável.
Recursos Repartição
O presidente do Conselho Económico e Social em Portugal, Bruto da Costa, considerou que a erradicação da pobreza depende “da repartição primária dos recursos e do rendimento” e disse que é “errado” pensar que primeiro é preciso crescer economicamente para distribuir.