Hugo Lourenço, in Destak
Portugal enfrenta uma nova realidade no que respeita à pobreza.
Cada vez mais existem pessoas que, embora auferindo um salário ao fim do mês, não conseguem fazer face às necessidades do agregado familiar.
O dinheiro passou a ser Deus
De acordo com o presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza, padre Jardim Moreira, «em Portugal, 17% dos pobres são pessoas trabalhadoras, mas que têm empregos precários e muito mal pagos», acrescentando ao Destak que «infelizmente, temos que reconhecer que Portugal é o país onde há maior injustiça social na Europa».
Para o padre Jardim Moreira «o dinheiro está na mão de poucas pessoas e, como sabemos, o capital gera egoísmo e daí que não se distribua o dinheiro com maior responsabilidade social», sublinhando, ainda, que «hoje em dia, o dinheiro passou a ser Deus».
As crianças e a pobreza
Actualmente, há grandes bolsas de pobreza em todos os grandes centros urbanos. O presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza refere que «em Portugal há vários tipos de pobreza, mas aquela que nos preocupa mais é a pobreza que afecta as crianças, porque se trata de um fenónemo que vai afectar todo o futuro dessas crianças e, de certo modo, acaba por forçar os jovens à exclusão da sociedade».
Toda a ajuda é pouca
Isabel Jonet, presidente da Federação dos Bancos Alimentares contra a Fome, em declarações ao Destak, sublinha o facto de «quando se fala em fome em Portugal estamos a falar de 200 mil pessoas que, comprovadamente, sofrem de carências alimentares», acrescentando que «não se pode fazer qualquer comparação com a fome em África».
Isabel Jonet afirma que «com cerca de dois milhões de portugueses a viver no limiar da pobreza, temos que alertar as pessoas e os industriais que os pequenos gestos podem fazer a diferença».