in Diário de Notícias
O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a rever em forte baixa a previsão de crescimento da economia mundial, esperando agora que, no conjunto do ano, não ultrapasse os 3,7%. Bem abaixo dos 4,1% esperados em Janeiro e, sobretudo, dos 5,2% projectados em Julho, antes do deflagrar da crise no crédito hipotecário de alto risco (subprime) norte-americano.
Os novos números foram divulgados pela Bloomberg, que cita um documento interno que o Fundo preparou para um encontro entre ministros das Finanças e banqueiros centrais do Sudeste asiático. Nele, o FMI avisa que aumentou para 25% o risco de uma recessão mundial.
A travar a dinâmica da economia mundial está o outrora "grande motor". As perspectivas nos Estados Unidos deterioraram-se fortemente nos últimos dois meses, e a expectativa do Fundo é que a maior economia do mundo estagne, e termine o ano com um taxa de progressão residual de 0,5%. Este valor equivale a um terço dos 1,5% que ainda em Janeiro eram previstos pelo FMI para o crescimento norte-americano, o que fornece uma indicação preocupante do ritmo de degradação da conjuntura norte-americana.
A Zona Euro, Japão e China levam também novas tesouradas nas suas previsões de crescimento, mas bem mais moderadas. O Japão crescerá 1,4% (que compara com 1,5%), a China deverá expandir-se 9,3% (contra 10% antecipados no início do ano) enquanto para a Zona Euro a nova previsão é de 1,3% (era de 1,6% em Janeiro).
Dominique Strauss-Kahn, o director-geral do FMI, preocupado com o arrefecimento mundial, pede mesmo ao BCE que, apesar dos problemas com a inflação elevada, "ponha a sua política de fixação de juros primordialmente ao serviço do crescimento económico, ponderando uma descida das taxas".