3.4.08

Portugueses poupam 14% do que ganham

Paula Cordeiro, in Diário de Notícias

Os portugueses poupam, em média, 14% do seu rendimento e gastam 25% do vencimento mensal com o pagamento de prestações de crédito. Estas são algumas das conclusões do estudo ontem divulgado pela Asfac - Associação das Instituições de Crédito Especializado, intitulado "A relação dos portugueses com o dinheiro e o crédito".

Realizado pelo método de amostragem, o estudo revela que 73% dos portugueses têm hábitos de poupança, com a maioria a poupar mensalmente ou sempre que pode. Mas se a média resulta numa poupança de 14% (acima da taxa de 9% revelada pelo Banco de Portugal), convém referir que 68% dos inquiridos poupam até 15% do seu rendimento. Para a secretária-geral da Asfac, estes dados provam que a poupança "continua a ser um valor para os portugueses".

Esta responsável revelou que o valor médio de poupança na Europa está entre os 14% e 15%, com alguns países a incluir nestes dados produtos como os certificados de aforro, o que não acontece em Portugal.

No que respeita à taxa de esforço dos portugueses revelada por este trabalho, de 25%, esta está abaixo dos 30% apontados pelo Banco de Portugal. A taxa de esforço mede a percentagem do rendimento mensal canalizado para o pagamento de prestações de crédito.

Mesada de 119 euros

Quanto aos hábitos familiares em relação ao dinheiro, 50% dos portugueses dão dinheiro aos filhos, mensalmente ou quando eles pedem. Destes, 25% opta por mesada e 17% por semanada.

Em média, cada família dá, em média, 119 euros aos filhos, valor destinado maioritariamente para alimentação, actividades escolares e gastos próprios. No entanto, 38% dos 77% que dão mesada até 150 euros, dão um valor até 30 euros.

A maioria dos pais (80%) afirma que os filhos conseguem controlar o dinheiro que lhes dão até ao final do prazo estipulado e 88% responde que incita os filhos a poupar. No entanto, 74% considera que não existe informação suficiente sobre educação financeira nas escolas.

Outro dado do estudo revela que 61% dos portugueses inquiridos costuma fazer um plano de gastos mensais e a sua família (marido/mulher e filhos) costuma participar na definição dos gastos familiares. Antes de ir ao supermercado, 77% dos portugueses faz uma lista de compras.

Estes dois itens são indicativos da importância crescente do planeamento financeiro nos orçamentos familiares.

Analisando a relação dos portugueses com o crédito, o estudo indica que 84% dos inquiridos está a pagar um ou mais créditos, sendo que a maioria (53,7%) possui um crédito à habitação, seguido do crédito pessoal (35,8%) e do crédito automóvel (22,5%).

Quando fazem um crédito, seja ele para a compra de casa, automóvel ou pessoal, o mais importante para os portugueses é o valor das mensalidades. Só no caso dos cartões de crédito é que o custo total do crédito é o mias valorizado.

Quem recorre ao crédito, na sua maioria (74%) considera-o vantajoso, porque permite resolver situações imprevistas (50,3%), enquanto 45% aponta como principal vantagem o acesso a bens que de outra forma não seria possível.

Para Menezes Rodrigues, presidente da Asfac, este estudo indica que a concessão de crédito "é uma actividade que caminha para um bom porto, se o crédito for atribuído de forma responsável, quer da parte de quem pede quer da parte de quem o concede". E considera que "os portugueses são responsáveis quando recorrem ao crédito".