André Pereira, in Correio da Manhã
Um milhão de euros está já disponível para ser distribuído por três associações de solidariedade social – Cáritas, Cruz Vermelha e Federação dos Bancos Alimentares contra a Fome. A iniciativa ‘País Solidário’ foi apresentada ontem e deverá prolongar-se até ao final do ano. O objectivo é responder às situações de pobreza no Grande Porto, Vale do Ave e Vale do Tâmega e Península de Setúbal.
'Esta iniciativa destina-se a casos em que, na mesma família, todos os adultos tenham perdido as fontes de rendimento e tenham a seu cargo crianças em idade escolar ou idosos', explicou Rui Vilar, presidente da Fundação Calouste Gulbenkian.
Uma das condições necessárias para o sucesso da iniciativa era trabalhar a custo zero: 'Queremos que cada euro angariado seja um euro entregue a quem realmente necessita. Para isso, contamos com a Cáritas, Cruz Vermelha e Federação dos Bancos Alimentares Contra a Fome.'
As três instituições terão a responsabilidade de registar os pedidos de ajuda, processá-los e decidir quais as situações mais urgentes. 'A Cáritas ficará responsável pelo Grande Porto e Península de Setúbal, enquanto a Cruz Vermelha irá responder pelo Vale do Ave e Tâmega', esclareceu Rui Vilar, para quem a iniciativa é 'um acto de solidariedade necessário por parte da sociedade civil, que visa dar resposta às situações novas de pobreza'.
A quantia de um milhão de euros já disponível foi angariada, segundo Rui Vilar, pela Fundação Calouste Gulbenkian em colaboração com instituições bancárias e um grupo de personalidades onde constam, entre outros, os nomes de Manuela Eanes, Dulce Rocha, Bruto da Costa e D. Manuel Martins.
A iniciativa ‘País Solidário’ pretende alargar a sua acção a outras áreas de Portugal, tendo já disponibilizado uma conta bancária – 0035 0001 0004 4000 93062 – e uma linha telefónica, 760 307 307 (custo 0,60 cêntimos) para quem quiser contribuir.
EM DIRECTO
'CASOS DE POBREZA AUMENTARAM 35%' (Eugénio Fonseca, Cáritas)
Já temos zonas identificadas. De Novembro a Março, registámos um acréscimo de 35 por cento de novas situações de pobreza que podem ser conjunturais. Pessoas que hoje estão a viver este problema e que amanhã, com um emprego, retomam a vida normal.
'CADA CASO ANALISADO AO PORMENOR' (Luís Barbosa, Cruz Vermelha)
Teremos de analisar todos os casos de uma forma minuciosa. Este projecto estabelece determinadas condições para a aplicação dos dinheiros recebidos. Muitos casos poderão até ser encaminhados para as soluções já disponíveis no próprio Estado.