in Agência Ecclesia
A Comissão Diocesana Justiça e Paz (CDJP) de Viseu vai efectuar no dia 17 de Abril uma Audição Pública com o tema “Dar voz aos Pobres, para erradicar a pobreza”.
“Os pobres têm, naturalmente, uma palavra a dizer sobre a injusta e imerecida situação de pobreza em que se encontram. Muito têm vindo a dizer, e muito têm para dizer. Mas isso só, não basta, é necessário também ouvir o que dizem, e isso é o que tem faltado”, refere comunicado enviado à Agência ECCLESIA.
Para esta Comissão, “pobres são os que não dispõem do mínimo necessário de bens materiais e/ou culturais/espirituais para uma vida compatível com a dignidade humana”.
“Eles estão cansados de dizer que somos todos irmãos, filhos do mesmo Pai, com a mesma dignidade humana, com o mesmo direito aos bens da Terra, que a todos, por igual, foi dada pelo Criador. Porém, na «partilha», irmãos houve (os mais capazes) que fizeram batota e se apoderaram dos melhores bens e deixaram os mais débeis na miséria”, alerta.
A CDJP de Viseu lembra que “não se é pobre por opção ou por gosto. Ninguém se mantém nessa situação por vontade livre e consciente”.
“Sejamos capazes de «desconstruir» esses errados preconceitos e estereótipos com que nos procuramos justificar na nossa confortável situação. A origem da pobreza não está no próprio pobre, ela é-lhe exterior, ou porque nasceu em ambiente de pobreza, ou porque foi “atirado” para essa situação (desemprego, doença, azares da vida) e não teve forças ou condições para dela sair”, pede a Comissão.
Para erradicar a pobreza
Que temos feito (cada um de nós, as instituições, a Igreja, o Estado) em prol desse direito?
Tenhamos a humildade de reconhecer que, na maioria dos casos, mais não fazemos que manter-lhes a situação: damos-lhe a esmola do peixe (por vezes também a cana de pesca, mas sem que o ensinemos a usá-la, que é o mesmo que não a dar), o que o deixa amarrado na sua dependência, sem outro horizonte que não esperar pela próxima esmola.
Qual tem sido o efeito útil do tão propalado “subsídio social de inserção”?
Subsídio, sim; mas inserção…
É certo que, enquanto o pobre não souber manejar a cana de pesca, haverá que se lhe dar o peixe, mas nunca perdendo de vista que o objectivo final é que seja ele próprio o agente principal da sua autonomia.
O efeito directo da maior parte das esmolas e subsídios que são distribuídos traduz-se em amarrar o beneficiário à situação de pobreza em que se encontra, na criação do espírito da subsídio-dependência no qual cada vez mais se afunda.
É a isso que chamamos de ajuda a quem tem o direito de sair da situação de pobreza em que se encontra?
Se, como cidadão e como cristão, te sentes interpelado por esta pertinente e grave temática, cada vez mais actual no contexto da profunda crise económica e social da nossa sociedade, não deixes de vir reflectir e partilhar a tua inquietação no dia 17.
Comissão Diocesana "Justiça e Paz" - justicaepazviseu@iol.pt
Programa
14H15 - Recepção dos participantes
14H30 - Sessão de abertura: Presidente da Comissão Diocesana Justiça e Paz; Presidente da Cáritas Diocesana de Viseu; Director da Segurança Social; Presidente da Câmara Municipal de Viseu; Governador Civil; D. Ilídio Leandro, Bispo de Viseu
15H30 - “Sentir a Pobreza” - Vídeo
16H30 - Debate/Conclusões
15H45 - “Em Tempo de Crise, a Opção Preferencial pelos Pobres” - Manuela Silva