Padres partilham salários com os mais pobres

Rui Osório, jornalista e cónego, in Jornal de Notícias

Na passada Semana Santa, vários bispos espanhóis uniram-se à iniciativa dos bispos de Ciudad Rodrigo, Atilano Rodríguez, e de Segóvia, Ángel Rubio, que pediram aos seus padres que entreguem 10% dos seus salários à Cáritas como ajuda a pessoas que se encontram em penúria devido à crise económica.

Padres de Segóvia qualificaram como "muito positiva" para a diocese essa iniciativa e alguns deles não hesitaram em afirmar que tais gestos contribuem para "aproximar a mensagem do Evangelho aos menos favorecidos e atrair os afastados". Não faltou, em Espanha, quem sugerisse que os políticos manifestassem tanta solidariedade como os padres. A RAI, televisão italiana, enviou a Segóvia uma equipa para realizar uma entrevista ao bispo da cidade. Entre os bispos que se juntaram à proposta está o arcebispo de Pamplona e Tudela, Francisco Pérez, que convidou os sacerdotes a colocar à disposição dos pobres alguns dos seus bens. Também o bispo de Coria-Cáceres, Francisco Cerro Chaves, pediu aos padres que entreguem 10% dos seus salários à Cáritas, respeitando a liberdade e a consciência de cada um. São gestos bonitos e revelam a delicadeza de padres que, solidariamente, não se conformam com a pobreza que hoje, também em Portugal, afecta tanta gente, que bate à porta da Igreja a pedir ajuda para valer às suas graves situações de emergência.