Rosa Soares, in Jornal Público
Os indicadores da instituição mostram que o consumo privado caiu e a actividade económica voltou a regredir no mês passado para níveis historicamente baixos
Os indicadores de conjuntura relativos a Março, divulgados ontem pelo Banco de Portugal (BdP), continuam a evidenciar a profunda desaceleração da economia portuguesa, sustentando a revisão em baixa das previsões de contracção do produto interno bruto, que deverá atingir os 3,5 por cento este ano. O indicador coincidente mensal que mede a evolução homóloga da evolução da actividade económica registou uma variação negativa de 1,8 por cento, em Março, uma décima mais do que em Fevereiro.
Este indicador está a descer desde Março do ano passado, tendo atingido o primeiro valor negativo em Julho de 2008 (-0,2 por cento). Desde o Verão, a tendência negativa tem-se acentuado de forma contínua e significativa, aproximando-se já dos dois por cento negativos.
O indicador coincidente relativo à evolução homóloga do consumo privado também diminuiu em Março, para 0,9 por cento, face ao período homólogo do ano passado, mantendo-se, no entanto, ainda em terreno positivo. No mês de Fevereiro, este indicador estava em 1,0 por cento. Em Março do ano passado, estava em 1,3 por cento.
Já o indicador de confiança dos consumidores, embora negativo, registou uma melhoria muito ligeira em Março (-54) face a Fevereiro (-58), sendo este o mínimo histórico registado. Também o indicador de sentimento económico registou uma melhoria ligeira, atingindo em Março 66,5 pontos, contra 61,2 pontos em Fevereiro, que corresponde ao nível mais baixo dos últimos 12 meses. Em Março do ano passado, este indicador estava em 101,1 pontos.
A melhoria revelada nos inquéritos de confiança e de sentimento económico, embora em variação muito modesta, está em linha com a melhoria dos inquéritos de opinião da Comissão Europeia dos últimos meses do corrente ano, apesar de continua-rem a apresentar níveis inferiores aos registados nos primeiros meses de 2008.
Exemplificador da diminuição do consumo privado e da actividade industrial é a quebra de vendas de veículos ligeiros de passageiros, incluindo todo-o-terreno, que registaram uma diminuição de 42,5 por cento no primeiro trimestre do corrente ano, face a igual período do ano passado. A venda de veículos comerciais ligeiros diminuiu 40,6 por cento e as vendas de veículos comerciais pesados registaram uma queda de 39,3 por cento nos primeiros três meses. As vendas de cimento das empresas nacionais para o mercado interno caíram 14,6 por cento no primeiro trimestre, reflectindo os tempos sombrios que afectam o sector da construção.
Em Março, a taxa de inflação registou uma diminuição de 0,6 pontos percentuais para o valor negativo de 0,4 por cento.