8.4.09

Taxas de juro podem voltar a diminuir

Fátima Mariano, in Jornal de Notícias

O governador do Banco de Portugal admitiu, esta terça-feira, que as taxas de juro de referência na Zona Euro podem sofrer uma nova descida. Vítor Constâncio referiu ainda que os riscos de deflação "são muito baixos ou praticamente inexistentes".

Vítor Constâncio falava na sessão de apresentação da nova Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal (BdP), um instrumento que permite às instituições financeiras fazerem uma melhor avaliação do risco da concessão de crédito.

Questionado pelos jornalistas, o governador do BdP explicou que o "actual nível das taxas de juro não é o nível mínimo", pelo que não está excluída uma nova descida se a conjuntura internacional o permitir. Recorde-se que no dia 2 deste mês, o Banco Central Europeu anunciou um novo corte na taxa de referência em 0,25 pontos percentuais, para 1,25%.

Quanto aos riscos de deflação, Constâncio considera que "são muito baixos ou inexistentes", embora admita que tenham aumentado nos últimos tempos. O mesmo responsável acrescentou que é possível registarem-se algumas inflações negativas na Zona Euro ao longo do ano, "mas isso não é deflação", sublinhou.

De qualquer forma, assegurou que o BCE estará "muito atento" à interpretação que os agentes económicos fizerem no momento em que essas taxas negativas se registarem e que, se necessário, "serão adoptadas medidas não convencionais".

Relativamente à economia portuguesa, o governador do BdP admitiu que actualmente tem uma visão "claramente mais pessimista". Referiu que o crédito malparado "tem vindo a aumentar", mas os níveis de incumprimento continuam "muito inferiores aos registados na década de 90 e aos de outros países". "Isto significa que há uma boa gestão do risco no endividamento", fez questão de sublinhar.

Vítor Constâncio prevê que, a partir do próximo ano, os países da Zona Euro comecem a sair da situação de crise actual, embora tudo dependa da recuperação das restantes economias. "A recessão é sincronizada a nível mundial e a saída também tem que ser sincronizada", sustentou. "Será uma retoma moderada, dada a natureza da crise económica e financeira que estamos a atravessar. Este tipo de recessão não permite pensar numa recuperação muito rápida", explicou o governador do BdP.