in Agência Ecclesia
Mensagem dos bispos espanhóis por ocasião do Dia da Caridade
Por ocasião do Dia da Caridade, assinalado a 14 de Junho, a Comissão Episcopal da Pastoral Social da Conferência Episcopal espanhola publicou uma mensagem onde destaca as implicações sociais da Eucaristia.
"Há uma relação essencial entre Eucaristia e caridade. A celebração da Eucaristia tem implicações sociais", afirma o episcopado espanhol.
Desde que a crise financeira começou que um número crescente de homens e mulheres afectados pela situação social e económica recorre à Cáritas, às paróquias congregações religiosas e outras instituições eclesiais. "Neles percebemos o clamor das vítimas e pudemos descobrir os novos rostos da pobreza."
A Comissão Episcopal afirma ter percebido também "outra pobreza, neste caso espiritual", que está entre as crises materiais, da economia e do trabalho.
"É a pobreza de valores e atitudes, que se manifesta e estende em diversos âmbitos e através de alguns meios de comunicação". Mas os bispos lembram também a crise educativa que se faz presente nas famílias.
Os sofrimentos causados pela esta crise afectam "sectores cada dia mais amplos e próximos" e "aumentam os índices de pobreza".
O aumento da taxa de desemperro, o crescente número de pequenas empresas a encerrar e trabalhadores protecção social, as dificuldades das famílias para pagar as suas hipotecas e outras dívidas e os desequilíbrios emocionais e relacionais que este quadro gera, "fazem-nos sentir a dor humana em toda a sua crueza e descobrir que estamos diante de uma grave crise que não parece conjuntural, e que não só afecta pessoas, mas questiona também as próprias estruturas do vigente modelo social e económico".
O observatório mantido pela Cáritas em Espanha constatou um aumento dos pedidos de ajuda, mas também "mudanças significativas nos rostos da pobreza".
Os bispos espanhóis lembram os mais vulneráveis, as famílias imigrantes, os desempregados sem protecção social, famílias e pessoas endividadas que pedem ajuda para necessidades básicas de alimentação, ajuda psicológica e para a educação de seus filhos.
Esta crise, segundo a Comissão Pastoral, evidencia "uma profunda quebra antropológica e uma crise de valores morais. A dignidade do ser humano é o valor que entrou em crise quando a pessoa não é o centro da vida social, económica, empresarial", quando o dinheiro é um bem em si mesmo "e não em um meio ao serviço da pessoa e do desenvolvimento social".
A nota sublinha que sendo uma época que mostra fragilidades, a crise é também uma oportunidade para "promover outro modelo social e económico mais humano e justo e para despertar exemplares respostas de solidariedade."
A generosidade entre "amigos e famílias para enfrentar a crise", o voluntariado, o "esforço de homens da cultura, da economia e da política, por oferecerem respostas concretas à crise" são exemplos positivos de como enfrentar a crise.
Os bispos assinalam a oportunidade de "rectificar" as bases da convivência "com valores sólidos" capazes de construir uma "ordem económica e social mais transparente e justa".