in Jornal Público
Marta Sousa nem precisa de olhar para os números do desemprego entre os jovens para admitir fixar-se na Alemanha. "O meu futuro em Portugal é um bocado limitado. As perspectivas de arranjar um emprego fixo que consiga suplantar o ordenado do meu marido são nulas." A alternativa seria talvez engrossar o coro de movimentos como os Fartos Destes Recibos Verdes ou os Precários Inflexíveis que representam os perto de um milhão de "falsos recibos verdes", mais os outros tantos que se dividem entre os contratos temporários, os estágios, as bolsas, os empregos intermitentes.
Há dias, o jornal francês Le Monde apontava estatísticas segundo as quais a precariedade laboral será a realidade de 53,3 por cento dos portugueses que hoje têm menos de 25 anos.
Curiosamente, esta é a geração mais escolarizada de todas. No ano lectivo de 2007/2008, estavam inscritos no ensino superior 377 mil alunos, ou seja, mais 20 por cento do que em 1995/1996. Daqueles, 11.344 estavam a preparar doutoramento. Posto noutra perspectiva, no ano lectivo passado as universidades lançaram para o mercado mais de 83 mil jovens com diploma universitário. Mais 16 por cento do que no ano anterior.