in Jornal de Notícias
A recessão na euro-zona é "longa e profunda" e a retoma só ocorrerá daqui a 12 meses, pronosticou o Banco Central Europeu, que não exclui nova crise bancária, se o crescimento económico tardar ainda mais.
"Após uma fase de estabilização no decorrer deste ano, só são de esperar taxas de crescimento positivas, em comparação homóloga dos trimestres, em meados do próximo ano", afirma-se no relatório mensal do BCE, publicado em Frankfurt (Alemanha).
O prognóstico refere-se também aos efeitos nocivos da recessão na zona euro, especialmente no que se refere ao mercado de trabalho, confirmando assim recentes declarações do presidente do BCE, jean-Claude Trichet.
O BCE considerou também a actual taxa de um por cento dos juros básicos, a mais baixa de sempre, "adequada" à situação, uma vez que, a médio prazo, a inflação "deverá ser atenuada pela fraca actividade económica".
Quanto ao mercado de trabalho, sofrerá os efeitos retardados da recessão, "porque em média dura seis meses até a má conjuntura se reflectir no emprego", diz-se ainda no relatório do BCE.
O banco central recomenda ainda que as ajudas públicas ao "lay-off" ou ao trabalho parcial para evitar mairo desemprego ou o encerramento de empresas "devem ser provisórias e limitadas na sua dimensão", caso contrário, poderão ter também consequências negativas, devido à sobrecarga das contas públicas.
"Além disso, diminuem os estímulos para empresários e trabalhadores aplicarem factores de produção noutros sectores económicos, de forma mais racional", adverte o BCE, considerando "importante" que haja flutuação de força de trabalho entre empresas e ramos económicos, "para aproveitar investimentos lucrativos que surjam no decorrer da retoma".