in Jornal do Algarve
As Nações Unidas vão procurar na Cimeira dos Objetivos do Milénio, a partir de segunda feira em Nova Iorque, dar um novo impulso às oito metas de desenvolvimento, que ficaram mais difíceis com a crise económica e financeira dos últimos anos.
“Embora os atrasos sejam sérios, não devemos assustar-nos com eles”, disse na semana passada o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, que convocou a Cimeira (20 a 22 de setembro) em que deverão participar mais de 140 chefes de Estado e de governo.
O relatório deste ano do grupo de trabalho de acompanhamento dos progressos dos ODM, intitulado “A Parceria Mundial para o Desenvolvimento num Momento Crítico”, foca-se no impacto da crise económica, e mostra que esta afetou a ajuda ao desenvolvimento, comércio, serviço da dívida, e o acesso a medicamentos e tecnologia.
Com resultados muito díspares, e com poucas razões para otimismo em África, a ONU tem-se esforçado por transmitir confiança, para manter os ODM na agenda internacional.
Os oito objetivos acordados a nível internacional no ano 2000 visam reduzir a pobreza, a fome, a mortalidade materna e infantil, a doença, a habitação inadequada, a desigualdade de género e a degradação ambiental, até 2015.
Espera-se a adoção de um plano de ação no final da Cimeira, marcado para 3ª feira.
Um “impulso para os próximos cinco anos”, até ao prazo definido em 2000 para alcance das 8 metas, é o objetivo assumido pelo secretário geral.
A resolução a sair da Cimeira já foi acordada e será adotada em Nova Iorque.
“Uma mensagem simples, mas crucial, percorre o texto: os Objetivos podem ser alcançados. São difíceis e ambiciosos, mas alcançáveis. Muitos países pobres dizeram enormes progressos. Na sua globalidade, o mundo está a caminho de reduzir para metade o número de pobres, até 2015 – um feito tremendo”, disse Ki-moon.
Em destaque estarão os casos de sucesso, entre eles o Brasil, a caminho de alcançar todas as metas.
Para tentar acelerar os ODM, será ainda lançada uma Estratégia Global para a Saúde Materna e Infantil.
“Nenhuma área tem mais potencial de desencadear um efeito em cadeia – um ciclo virtuoso – em todos os Objetivos do que a saúde e reforço dos poderes das mulheres”, disse segunda feira o secretário geral Ban Ki-moon.
Mas a situação económica ainda é “frágil e vagarosa”, e do seu fortalecimento vai depender em muito a melhoria dos indicadores sociais, conforme salientou esta semana o Fundo Monetário Internacional.
“Tudo depende de restaurar o crescimento económico global equilibrado e sustentável. Esta é a fundação sobre a qual tudo o resto se irá construir”, disse o diretor do FMI, Strauss-Kahn, que participará na Cimeira.
Segundo John Lipsky, diretor adjunto do FMI, antes da crise havia “razões para otimismo” em relação aos ODM, com a pobreza a recuar 40 por cento, e mais 400 milhões de pessoas fora da pobreza extrema (1,25 dólares por dia).
Mas com a crise financeira global veio a quebra do crescimento económico, um “sério retrocesso” dos Objetivos.
“Sem alcançar o triplo objetivo de um crescimento económico forte, sustentável e equilibrado, as perspetivas para alcançar os ODM seriam reduzidas de forma irrecuperável”, disse Lipsky na quinta feira.