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Os abrigos temporários e a distribuição de refeições podem ser importantes numa fase transitória, mas as pessoas devem ser retiradas desse circuito o mais depressa possível, defende o presidente do Observatório Europeu para os Sem-Abrigo.
“Arranjar uma casa primeiro e o resto do apoio depois” é a solução defendida pelo Observatório Europeu para os Sem-Abrigo, para resolver o problema das pessoas que vivem na rua.
“Aquilo que a investigação demonstra é que se tratarmos de arranjar uma casa primeiro e o resto do apoio depois, em vez de darmos primeiro apoio e só depois a casa, é muito mais eficaz do ponto de vista da prevenção e também do ponto de vista dos custos”, argumenta o presidente do Observatório, o irlandês Eoin O’Sullivan.
Os abrigos temporários e a distribuição de refeições podem ser importantes numa fase transitória, mas as pessoas devem ser retiradas desse circuito o mais depressa possível, defende Eoin O’Sullivan.
“O que acontece em alguns países é que as pessoas ficam presas nessa rede de serviços de emergência, é por isso que não podem lá ficar muito tempo, nunca mais de seis meses”, sublinha.
Eoin O’Sullivan diz que este conceito não implica custos acrescidos para os vários governos, mas implica gastar melhor os recursos e com melhores resultados.
“Nós podemos usar o dinheiro de forma mais inteligente. É preciso recursos, mas já estamos a gastar dinheiro agora, muitas vezes prolongando a condição de sem-abrigo em vez de acabar com o problema. Já se gasta dinheiro em abrigos, em serviços de emergência, mas o problema continua por resolver”, refere.
O desafio lançado pelo Observatório Europeu para os Sem-Abrigo está em linha com a posição da União Europeia (UE), que desafia os Estados-membros a lançarem políticas mais eficazes para acabar com o fenómeno dos sem-abrigo.
A presidência belga da UE elegeu como prioridade o combate ao problema dos sem-abrigo e aconselha políticas mais eficazes, que passam por garantir uma casa primeiro.
Das pedras da calçada aos bancos da universidade
Com 38 anos, o esloveno Primoz Casl participou, em Bruxelas, na sua primeira conferência internacional. Viveu na rua durante dez anos, há dois quis mudar de vida, está a tirar uma licenciatura em Antropologia e faz parte de uma associação que está a desenvolver um projecto na Eslovénia para tirar os sem-abrigo da rua.
Primoz Casl defende que, com casa ou sem casa, as pessoas precisam é de um projecto de vida: “A qualidade de vida é o mais importante, eu estive em abrigos, não há privacidade nenhuma, trata-se apenas de dormir lá, não chega. A acomodação é importante, concordo com o conceito casas primeiro, mas mesmo uma casa não é suficiente, é preciso agir a outros níveis, garantir outro tipo de apoios”.
Primoz Casl pertence à associação “Kings of the Street”, na Eslovénia. O projecto que estão a desenvolver foi importado da Noruega, garante uma casa primeiro aos sem-abrigo que, por sua vez, contribuem de forma progressiva para a renda de casa.
A experiência está em curso na Eslovénia e a discussão está aberta na Europa com a recomendação de novas estratégias porque até hoje o problema subsiste nas ruas e é bem visível nas capitais de quase todos os países europeus.