26.12.10

Respostas sociais diferentes entre meios urbanos e zonas rurais

in TVI

Especialistas dizem que mais instituições nas cidades não resolvem todas as carências

As respostas sociais para as situações de pobreza, isolamento e solidão acompanham a dicotomia entre o mundo rural e os meios urbanos onde existem mais instituições e soluções, que não resolvem todas as carências, noticia a Lusa.

O sociólogo Albertino Gonçalves disse à agência noticiosa que estas são algumas das características de famílias carenciadas dos meios urbanos, cujas carências ao nível da rede de apoio social diferem com as das zonas rurais, onde as principais necessidades residem no apoio à população mais idosa, que vive isoladamente em solidão.

«Não se pode dizer que nas cidades o problema dos idosos não seja grave, não tem é a dimensão quantitativa que tem nas zonas rurais. Também há solidão e isolamento, mas há mais respostas sociais no meio urbano», disse.

O responsável adiantou que o anonimato de quem mora numa cidade provoca o isolamento e a difícil identificação de casos de carência, contrastando com o meio rural, onde as relações sociais são mais próximas, embora, hoje em dia «o mundo rural já não tenha nada a ver com o que existia nos anos cinquenta».

«Há muitos pais que não têm um filho a viver na zona deles porque imigraram, ou foram para Lisboa ou para o Porto. Os laços mais primários são a família e muitas vezes no meio rural não existem», disse, adiantando que «no campo» a autarquia e a igreja lideram as redes de apoio social.

Para o sociólogo, a grande diferença entre o mundo rural e citadino passa pelas instituições de solidariedade social, que existem em maior número e dão maior resposta nas zonas onde moram mais pessoas.

Esta opinião é partilhada pela presidente do Banco Alimentar, Isabel Jonet, que considera que na cidade «há toda uma rede de instituições de solidariedade social» que apoiam as pessoas que passam necessidades.

A responsável, que considera que a pobreza deixou de ser a tradicional, mais ligada ao desemprego ou à velhice, para passar a ser uma pobreza conjuntural, que decorre da situação do país, adiantou que, em ano de crise, tem-se verificado o aumento do número de instituições de solidariedade social a solicitar ajuda ao Banco Alimentar.

Segundo o presidente do Instituto da Segurança Social, Edmundo Martinho, a maior diferença reside sobretudo ao nível da informação, uma vez que na cidade o acesso é mais facilitado pelo conhecimento, muito embora a Segurança Social desenvolva «esforços de divulgação» junto dos seus parceiros sociais dos meios rurais ¿ juntas de freguesia e instituições de solidariedade social.

«É verdade que nos meios rurais, se por um lado a informação está menos facilitada, por outro a própria presença das instituições de solidariedade que é mais próxima, também ajuda ao aliviar de muitas dessas dificuldades», sublinhou.

Para o responsável, o anonimato dos casos das cidades tende a esbater-se com o acompanhamento dado às famílias, embora considere que em zonas menos povoadas haja um «conhecimento mais directo da realidade» numa fase inicial