31.8.23

Pedro Ribeiro: “Existe um país e coisas para resolver, acordem para a vida e cresçam”

in SIC


Nasceu em 1971, em Lisboa. A telefonia esteve presente desde sempre, e desde pequeno que sabia que queria “dar na rádio”. Também quis ser jogador do Benfica, mas só teve espaço para cumprir um sonho. Desde 1996 que acorda às 5h30 da manhã e há 18 anos que é diretor da Rádio Comercial. Numa conversa com Bernardo Ferrão, fala abertamente sobre os desafios da rádio, das “falências trágicas da democracia portuguesa” e admite que não confia nos políticos - “o que está a acontecer entre Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa é risível”. Ouça aqui mais um episódio do Geração 70


Nasceu a 17 de fevereiro de 1971, em Lisboa. Da infância lembra as brincadeiras na rua e o rádio que estava em casa dos pais, em Oeiras - “era a coisa mais importante”, recorda numa das fotografias que trouxe para o podcast.

“A rádio sempre esteve presente”. Em criança, ouvia rádio “horas a fio” e conta que usava o gravador de cassetes do pai para fazer emissões, apresentar músicas e até cantar.

O pai era empregado bancário do antigo BES, viveu nos Estados Unidos, “nunca soube porque foi nem porque voltou”. A mãe trabalhava num escritório.

Queria ser jogador do Benfica e dar na rádio, um dos sonhos foi cumprido. É diretor da Rádio Comercial há 18 anos e líder de audiências.

Acorda desde 1996 às 5h30 da manhã e vive num misto a que chama “coisa esquizofrénica”: ser diretor dele próprio. Continua a fazer as manhãs da Comercial porque “ainda faço falta e porque gosto realmente de fazer rádio”.

Não entrou na Licenciatura em Comunicação Social e a reboque do boom das rádios piratas enviou o primeiro currículo para a Correio da Manhã Rádio. Tinha pouco para apresentar: “era uma página em branco, com a minha morada. Tive sorte”.

O primeiro emprego foi “de sonho”, conta com ironia. Fazia madrugadas na rádio e talvez tenha sido por isso que nunca concluiu o curso de Relações Internacionais.



A infância na rua contrasta com os dias de hoje, “as crianças têm pavor de se aborrecer”. "É um mundo tão distante, quando falo dele aos meus filhos acham que estou a falar da era de Eça de Queirós.”

No país dos anos 70/80, na própria casa, era tudo a preto e branco, “ou eras fascista ou comunista”. Recorda como era evidente o “choque” entre a avó e o pai, que além de serem sogra e genro, o pai tinha um busto de Sá Carneiro e a avó - a avó Dulce - era militante do partido comunista.

Ainda o levou à Festa do Avante, tinha nove anos. Mas depois de uma viagem a Moscovo, a avó Dulce regressou “desiludida” e “traída” - “a partir daí adotou o autocolante que dizia ‘Soares é fixe’”.



Os tempos mudaram e a rádio também, andou à deriva, recuperou e prepara-se para um “novo futuro”: cada vez mais digital.

Pedro Ribeiro é o novo convidado do podcast Geração 70. Numa conversa com Bernardo Ferrão fala sobre a mudança geracional dos jornalistas e reflete sobre uma sociedade assente na cultura da imagem - “falta uma paixão no jornalismo”. Desconfiado da política e dos políticos, aponta, sem papas na língua, as falhas e oportunidades do país e dos governos para “acertar o passo”: o que ficou por fazer, o dinheiro que se “desperdiçou” e as “falências trágicas da democracia portuguesa”.