6.3.07

Mulheres portuguesas pouco dadas à informática

Mariana Oliveira, in Jornal Público

Relatório da União Europeia revela que as portuguesas estão em desvantagem em relação aos homens e às outras europeias

61%das mulheres portuguesas não sabem trabalhar com um computador. É o terceiro pior registo da União Europeia a As mulheres portuguesas são menos hábeis que os homens a trabalhar com computadores. É pelo menos isso que mostram as estatísticas de 2006 divulgadas ontem pelo Eurostat, o gabinete estatístico da União Europeia, a propósito do Dia Internacional da Mulher, que se comemora na próxima quinta-feira. A realidade repete-se nos 27 países da União. "Em todos os Estados-membros os homens apresentam taxas mais altas [de aptidão informática] que as mulheres", diz o comunicado.

Mas as portuguesas não estão em desvantagem apenas quando comparadas com os homens - também em relação a outras mulheres europeias os números não são animadores. Aliás, na habilidade para trabalhar com computadores, as portuguesas ocupam o terceiro pior lugar da UE, apenas atrás das búlgaras e das italianas. As estatísticas ontem divulgadas mostram que 61 por cento das mulheres nacionais entre os 16 e os 74 anos não têm quaisquer habilitações informáticas, contra os 44 por cento da média europeia. Piores só as búlgaras, com 69 por cento, e as italianas, com 64.

No ponto oposto, ou seja, com um alto nível de habilidade informática, encontram-se 16 por cento das portuguesas, contra 25 por cento dos homens. Neste item, as portuguesas não ficam atrás das europeias (15 por cento). Contudo, o nível médio é atingido por apenas 15 por cento das nacionais, nove pontos abaixo da média europeia. Para definir os quatro graus de habilidade informática (nenhuma, pouca, média e alta) foram estabelecidas seis tarefas: copiar e mover um ficheiro; usar o copy e o paste para duplicar ou mover um documento; usar fórmulas aritméticas básicas; comprimir ficheiros; instalar novos aparelhos e fazer um programa informático.

Quem admitiu não conseguir realizar nenhuma destas tarefas foi considerado sem capacidades informáticas, quem disse conseguir fazer entre uma e quatro tem pouca ou média aptidão e quem se disse estar apto a concretizar cinco destas tarefas foi qualificado com alta habilidade. Nos restantes parâmetros divulgados pelo Eurostat (esperança média de vida, taxa de fertilidade, emprego e educação), as diferenças mais significativas face à média europeia aparecem na percentagem de mulheres com ensino superior e nas que trabalham em part-time. No primeiro item, as portuguesas licenciadas ficam-se pelos 16,6 por cento, contra 23,8 da média das mulheres dos 27 países da União.

Com taxas de desemprego semelhantes às mulheres europeias (8,5 por cento), as portuguesas distanciam-se destas relativamente à opção de trabalhar a tempo parcial. São apenas 15,9 por cento, praticamente metade da média europeia (31,4 por cento). A esperança média de vida das mulheres portuguesas (81,4) em 2005 era similar à das europeias (81,5), sendo que se espera que em 2050 suba para 86,6 anos. Os homens europeus têm uma esperança média de vida inferior (75,4), mas a tendência é para a diferença se atenuar.