Bárbara Simões, in Jornal Público
Em que Europa é que os portugueses querem viver em 2020? Numa que seja democrática, solidária, segura e justa. Que garanta um sistema de saúde de qualidade, fomente a natalidade e proteja os mais vulneráveis. Que invista nas energias renováveis e em práticas de construção energeticamente eficientes. Que promova a integração social dos imigrantes.
Estas são apenas algumas das ideias partilhadas pelo grupo de 30 portugueses, escolhido de forma a representar a população nacional, que durante o fim-de-semana participou, em Lisboa, na consulta aos cidadãos europeus a decorrer, em dias distintos, em todos os Estados-membros. Faça ouvir a sua voz é o lema.
Nas questões que diziam respeito a dois dos três temas em debate - energia e ambiente e imigração -, a generalidade dos participantes na consulta nacional reviu-se nas conclusões votadas ontem. A convergência não foi tão óbvia em relação às políticas sociais e família e ao que se entende dever ser o papel da União Europeia (UE). Dez dos presentes disseram que um documento elaborado pelo grupo que se debruçou mais sobre estes temas era o que devia reflectir a posição comum da amostra; 14 acharam que a traduzia "em parte"; e seis entenderam que não.
O texto defende que compete à UE traçar directrizes não-obrigatórias sobre costumes culturais, religiosos e modelos de família. Como medidas obrigatórias sugere, entre outras, uma reforma mínima que garanta qualidade de vida (sem aumento da idade), uma estrutura de apoio a idosos e deficientes, educação sexual nas escolas e ensino gratuito até ao 12.º ano.
No geral, foram as recomendações em matéria de energia e ambiente que recolheram maior consenso. Os portugueses ouvidos querem uma "maior consciencialização dos cidadãos" para estes problemas e um envolvimento da UE na recolha e divulgação de informação, "transmitindo-a de uma forma acessível às diferentes camadas da população". E uma rede de transportes públicos menos poluentes, para reduzir a utilização individual do automóvel.