Lígia Silveira, in Agência Ecclesia
Os valores da paz e da justiça estiveram em discussão em Viseu. Numa iniciativa da Comissão Diocesana Justiça e Paz o objectivo cimeiro deste encontro foi “aprofundar e difundir a Doutrina Social da Igreja para se chegar à paz, cuja base fundamental é a justiça”, traduz à Agência ECCLESIA, Custódio Matos Costa, Presidente da Comissão Justiça e Paz de Viseu.
“A injustiça na sociedade impede que se alcance a paz que Cristo nos dá e que temos de construir”, aponta o Presidente da CJP.
A ausência de justiça social, “que se relaciona com o amor cristão e que se encontra na dignidade da pessoa humana, é a maior violação dos direitos humanos”, sublinha Custódio Costa.
“A pobreza é ilegal”, acrescenta Custódio Costa, enfatizando que com o mundo da técnica e da ciência que actualmente se conhece, “é um escândalo que haja situações de pobreza como acontece em Portugal”.
“A pobreza não é uma fatalidade, um «ter que ser»”, adverte.
“A pobreza é hoje consequência dos erros humanos, da violação dos direitos humanos, da má distribuição e de uma procura exacerbada do lucro. A pobreza é a grande violação dos direitos humanos, porque impede que o homem, seja sujeito de si”.
A CJP de Viseu, com pouco mais de um ano de presença na diocese, pretende criar um espaço de reflexão e acompanhamento da sociedade. Neste encontro contaram com a presença de “um significativo número de pessoas, vindas de várias localidades da diocese”.
“É impensável haver paz sem que haja justiça, a não ser que a pessoa seja passiva perante a situação que tem”. Mas se a pessoa tem consciência da dignidade humana e que é injusta a situação de pobreza “ela não pode ficar calada e quieta”.
Esta constatação leva necessariamente à revolta e à violência. E quando se entra nesta condição, “nunca mais se pára”.
Custódio Costa afirma que “há um déficit geral de conhecimento sobre a Doutrina Social da Igreja” e a diocese de Viseu “não é excepção”.
O Presidente da CJP aponta que a DSI é um “tesouro cheio de respostas evangélicas para os problemas sociais dos dias de hoje” e que este é um tema que “não tem sido divulgado, mesmo ao nível da hierarquia”.
Sobre o trabalho que a CJP de Viseu desenvolve, o Presidente indica “ainda estamos a apontar caminho”, frisando os poucos meios disponíveis nesta fase embrionária. Dotados estão da “nossa observação pessoal”, e é com ela que querem intervir e criar espaços de reflexão em Viseu.