13.4.09

Bispo do Porto defendeu acesso ao trabalho para todos

in Jornal Público

O bispo do Porto defendeu ontem, durante a celebração da Vígilia Pascal, na Sé daquela cidade, o acesso ao trabalho por parte de todos os cidadãos, ao mesmo tempo que exortou para que todos se empenhem mais no sentido de criarem iguais condições de acesso à justiça.

"Aceder ao trabalho, para além de necessário para ganhar o sustento, é condição indispensável para a realização de cada ser humano", afirmou D. Manuel Clemente.
O prelado não esqueceu igualmente a unidade familiar, um dos pilares do cristianismo, apelando para que tudo seja feito "para que as famílias se
constituam com responsabilidade e viabilidade, como células insubstituíveis duma sociedade inteiramente humana".

Depois, o bispo frisou que é obrigação dos cristãos "guardar e fazer frutificar a criação, sem a deteriorar nem distorcer a sua realidade própria e o seu equilíbrio geral e reconhecer e respeitar activamente a vida como dom de Deus em cada pessoa, da concepção à morte".

"Bem sabemos e sentimos que a visão que nós damos do mundo, mais ou menos próximo, quer através dos media, quer pelo que nós próprios dizemos uns dos outros, se fica mais pelo negativo do que pelo positivo", disse ainda D. Manuel Clemente, salientando que a consequência da vigília de ontem teve também como finalidade "dar uma outra perspectivação das coisas, outra apreciação delas, outra esperança comunicada, ainda que nas situações mais complexas, ainda perante factos objectivamente negativos".

Enquanto no Porto, D. Manuel Clemente tinha uma intervenção de maior carácter social, na Sé Catedral de Lisboa o patriarca D. José Policarpo, na sua homilia do Pontifical da Ressurreição de Jesus, encerrava as suas meditações sobre o "rosto eclesial" de Cristo ao longo do Tríduo Pascal. Depois do "rosto eucarístico" e do "rosto doloroso", ontem foi a vez de fazer uma referência ao "rosto glorioso".

"A alegria cristã não é uma alegria qualquer. É exigente, porque brota da salvação a acontecer e coexiste com a dureza da caminhada", disse ainda D. José Policarpo.
As palavras de ontem do cardeal patriarca de Lisboa surgiram um dia depois de o mesmo ter feito uma intervenção mais polémica, ao afirmar que muitas respostas da teologia católica à teoria da evolução de Dar-win basearam-se numa "deficiente leitura" da Bíblia. D. José Policarpo quis, desse modo, negar contradições entre os evolucionistas e a perspectiva cristã da Criação.

"Tanto os darwinistas como a maneira católica de lhes responder partiram de uma leitura do texto bíblico não querida pelo seu autor nem legitimada pela comunidade para quem foi escrito", assinalou o patriarca, lembrando, no entanto, que o mesmo erro continua a ser cometido por "muitos dos actuais movimentos chamados criacionistas". PÚBLICO/Lusa