16.4.09

País com 2 milhões de pobres

Pedro H. Gonçalves, in Correio da Manhã

Os números mais recentes do Banco de Portugal apontam para dois milhões de pobres, dos quais 300 mil são crianças. Os dados que surgem depois da previsão do Banco de Portugal apontar para a pior crise económica desde 1975, já levou o Governo a afirmar que poderá reforçar as medidas de apoio aos sectores que atravessam maiores dificuldades.

"Nós daremos as respostas que forem necessárias em função da evolução da situação e em função das nossas capacidades", garantiu o ministro do Trabalho, Vieira da Silva. Na mesma linha está o ministro das Finanças que garante que o Executivo quer combater os despedimentos. "Nas áreas que têm a ver com o desemprego, com os apoios sociais, não podemos ser, de facto, avarentos".

Apesar das garantias do Governo, os partidos da Oposição responsabilizam o Executivo de José Sócrates pela situação económica do País. A Oposição exige um orçamento rectificativo, o que já foi recusado, e mais medidas de combate à crise.

"O que temos é um Governo que entrou em colapso e chegou ao fim da linha", criticou o líder do CDS-PP, defendendo que a atitude correcta "não é baixar os braços" e alertando que, com a inflação de menos 0,2 por cento, as pensões de reforma vão baixar em 2010. "Eu já nem pergunto onde é que está o socialismo, eu pergunto onde é que está a vossa justiça social", questionou Paulo Portas.

Para o BE é necessária mais "ousadia" do Governo. "Será que o Governo vai cruzar os braços e deixar que o desemprego atinja os números que se perspectivam?", refere Luís Fazenda.

PORMENORES

RECIBOS VERDES

O deputado do BE Francisco Louçã pediu ontem esclarecimentos ao ministro das Finanças sobre o envio de notificações a trabalhadores a recibos verdes para que paguem uma multa de 154,5 euros pela não entrega de um anexo que o ministério "já possui".

ORÇAMENTO

O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, defendeu ontem que não há razões para rectificar o Orçamento de Estado, apesar de defender que o Estado "não pode ser avarento" na resposta às questões sociais.

SECTOR TÊXTIL

O coordenador da União de Sindicatos de Castelo Branco, Luís Garra, considerou ontem que "o Estado gasta menos dinheiro se apoiar empresas do que se deixar os trabalhadores irem para o desemprego".