3.7.09

Subida acima do previsto do desemprego arrefece perspectivas de retoma na UE e EUA

Sérgio Aníbal, in Jornal Público

A quebra no mercado de trabalho ameaça as economias com renovadas quebras da procura, que podem adiar uma recuperação


A recente melhoria dos indicadores de produção industrial, consumo e confiança colocaram analistas, investidores e políticos a falar sobre a possibilidade de estarmos perante o início de uma recuperação económica, mas ontem os dados do desemprego na Europa e nos EUA vieram refrear os ânimos.

A taxa de desemprego nos dois principais blocos económicos mundiais registaram, durante os últimos meses, subidas mais fortes do que o esperado, o que mostra o impacto que a contracção da economia continua a ter no mercado de trabalho e acentua os receios de que uma forte quebra no emprego possa desencadear efeitos negativos prolongados na evolução das economias.

Na zona euro, segundo os dados publicados pelo Eurostat, a taxa de desemprego passou de 9,3 por cento em Abril para 9,5 por cento em Maio. Os analistas contactados pela Bloomberg esperavam uma subida mais modesta para 9,4 por cento. Em Portugal, o valor calculado pelo Eurostat para este indicador (que é diferente dos valores trimestrais do INE) manteve-se em Maio inalterado em 9,3 por cento.

Nos EUA, a perda de empregos no mês de Junho voltou a subir face ao mês anterior (467 mil contra 322 mil), surpreendendo a maior parte dos analistas. A taxa de desemprego é agora de 9,5 por cento, quando em Maio estava nos 9,4 por cento.

O problema destes resultados, alertam alguns economistas, é que uma quebra ao nível do emprego - agravada por estagnação dos níveis salariais - pode por sua vez conduzir a uma deterioração da procura, tornando ainda mais difícil a concretização de uma retoma. Com a inflação em terreno negativo, estes são os sintomas que mais receiam aqueles que querem evitar a entrada num processo deflacionista.