por Alexandra Carreira, Bruxelas, in Diário de Notícias
Ex-primeiro-ministro português tem 14 caras novas no seu Executivo em Bruxelas, contra 13 repetidas, com maioria de comissários conservadores. Nove dos 27 são mulheres - mais uma do que na equipa que se prepara para cessar funções.
Durão Barroso vai dirigir nos próximos cinco anos uma Comissão Europeia (CE) com uma maioria de comissários conservadores. Os liberais são a força política mais representada no novo Executivo, a seguir ao Partido Popular Europeu, ao passo que a esquerda arrecada quatro lugares apenas. Além do Reino Unido, o Luxemburgo, a Espanha, a Estónia, a Holanda, Itália e a Eslováquia asseguram as vice-presidências da CE.
França, Finlândia, Espanha, Itália e Bélgica asseguram na Comissão Barroso II as pastas mais apetecíveis. O nomeado do Eliseu, Michel Barnier, ex-ministro da agricultura, fica com o Mercado Interno, um dossiê em que Nicolas Sarkozy tinha mostrado interesse veemente e que, ao contrário, o Reino Unido preferia que ficasse entregue a um liberal. O finlandês Olli Rehn, um dos nomes repetidos do Executivo ainda em funções, transita do Alargamento para os Assuntos Económicos.
O espanhol Joaquín Almunía fica agora com o portfólio da Concorrência, uma das funções mais temidas pelos Estados membros. Karel de Gucht, belga, até aqui com o Desenvolvimento e Ajuda Humanitária fica agora com o Comércio, um lugar ocupado há um ano e meio pela recém-nomeada alta-representante da UE para a Política Externa, Catherine Ashton. Outra troca de pasta acontece no caso de Antonio Tajani, comissário italiano para os Transportes, que agora ficará com a Indústria.
Na lista de comissários, Barroso conta com 14 caras novas, contra 13 repetidas. Em 27, nove são mulheres, mais uma do que na CE em funções, o que elimina o perigo de o Executivo vir a ser chumbado no Parlamento Europeu (PE) por fraco equilíbrio de género. Entre as surpresas no anúncio de ontem estão, por exemplo, a atribuição da pasta da Agricultura e Desenvolvimento Rural ao nomeado pela Roménia, Dacian Ciolos, antigo ministro da mesma pasta. É um país que já viu congelados fundos daquela política comum por má gestão. Também a leste, a Polónia recebe outra das grandes pastas do Executivo, o Orçamento, entregue a Janusz Lewandowski. Barroso entregou ao socialista húngaro Lászlo Andor o Emprego e Assuntos Sociais. Günter Oettinger, o nomeado de Angela Merkel, assume a Energia, pasta que ganha assim maior peso e dimensão no conjunto. O Ambiente, uma das políticas mais promovidas pela primeira Comissão Barroso, foi partido em dois: nos próximos cinco anos haverá um comissário para o Ambiente e outro para o Clima.
O esloveno Janez Potocnik e Connie Hedegaard, ministra do ambiente dinamarquesa, garantem respectivamente os dois portfólios. Durão preferiu dividir a Justiça e os Assuntos Internos que serão ocupados pela luxemburguesa Viviane Reding, que ficará também com os Direitos Fundamentais, e por Ceciliam Malmström, ministra sueca para os Assuntos Europeus.