21.11.09

"Norte não tem sido prioridade do Governo"

Erika Nunes, in Jornal de Notícias

Cervejeira Unicer reclama fim da discriminação fiscal face aos vinhos e às cervejas de concorrentes espanhóis


A empresa nortenha portuguesa Unicer exporta 75% da sua produção e conseguiu, apesar da crise, apresentar resultados positivos. Pede, por isso, ao Governo que comece a "olhar para um sector fundamental" e deixe de discriminá-lo.

"Em impostos - Imposto Especial sobre o Consumo (IEC), IVA, Segurança Social e IRC - estima-se que a indústria cervejeira contribua, em Portugal, com mais de 900 milhões de euros para os cofres do Estado, além de ser responsável por cerca de 90 mil postos de trabalho, directos e indirectos", sintetiza António Pires de Lima, presidente do Conselho de Administrador da Unicer. "Está na hora de o Governo olhar para este sector fundamental no tecido empresarial português, e também das internacionalizações portuguesas, e deixar de o discriminar negativamente face à concorrência espanhola e face ao vinho", alertou.

Nesse sentido, o responsável da cervejeira considera que, ao contrário deste ano, em que o IEC foi aumentado em 2,5%, deverá haver uma "moderação na evolução do imposto de forma a aproximar-se, a prazo, do imposto espanhol".

Portugal é o sexto maior exportador de cerveja mundial, contribuindo, assim, para equilibrar o défice da balança comercial. A Unicer, só por si, exporta 75% da produção. Mas, estando localizada em Leça do Balio, sofre de alguns males que a descentralização poderia evitar:

"Não estamos à espera que o Governo zele pela riqueza da Unicer, mas é um facto que sentimos o empobrecimento geral da região Norte e que a região nem sempre tem sido uma prioridade para o Governo".

A quebra nas vendas, este ano, na ordem dos 2 a 3%, tem a ver com "o retrocesso no consumo interno, nomeadamente devido ao desemprego e empobrecimento no Norte", bem como algum retrocesso nos mercados externos.

"Apesar de tudo, conseguimos apresentar resultados sólidos: entre 2007 e este ano, conseguimos 270 milhões de euros de resultados operacionais, uma redução da dívida na ordem dos 60% e distribuição de 60 milhões de euros em dividendos aos accionistas", enumera Pires de Lima, assegurando, ainda, que "está terminado o processo de reestruturação da empresa" que levou ao despedimento de algumas dezenas de trabalhadores.

"Tínhamos múltiplos centros de produção, que afectavam a competitividade da empresa num mercado que não crescia há 10 anos. Não podíamos concorrer com três fábricas quando a concorrência [Centralcer] tinha só duas. Custou-nos muito, mas foi isso que nos permitiu resistir aos momentos de crise em 2008 e este ano, reduzindo os custos em 40 milhões de euros", justificou Pires de Lima.

No próximo ano estão já agendadas as inaugurações do Hotel Vidago - em Junho, mas com uma inauguração oficial em Outubro, a par do centenário do edifício - e do SPA Termal Pedras Salgadas, em Maio. Será, também, durante o ano, apresentado o projecto para o novo Hotel de Pedras, ainda por definir se será construído de raiz ou reconstruído. "Segundo o acordo que temos com o AICEP, temos até 2012 para iniciar a construção", alerta Pires de Lima.