in Correio da Manhã
Tudo serve a propaganda do Primeiro-ministro, mesmo quando o país se afunda
Numa clara alusão a Cavaco Silva, José Sócrates lançou o dedo acusador a todos quantos falam da pobreza e querem tirar dividendos políticos do seu combate.
Nesta tirada discursiva está bem retratado o Primeiro-ministro que temos. Um exemplo de descaramento, de falta de autoridade e de ausência de coerência.
O José Sócrates que acusa os outros de fazerem política com a pobreza é o mesmo José Sócrates que lança mão de tudo para fazer propaganda e para se auto-elogiar. Basta o desemprego descer uma décima, o crescimento económico melhorar umas centésimas ou um relatório internacional fazer uma alusão ligeira a Portugal para logo surgir o Primeiro-ministro, impante, a fazer a sua pirotecnia política – estamos a sair da crise, estamos no bom caminho, somos os campeões na Europa. Tudo serve os ímpetos propagandísticos do Primeiro-ministro, mesmo quando o país se afunda, a crise se agrava e os portugueses empobrecem. Não tem respeito por nada nem por ninguém. A sua convicção é o descaramento.
O José Sócrates que agora clama contra os que falam de pobreza é o mesmo que provocou o grave alastramento deste flagelo. Quase seis anos de governo deram nisto – o maior desemprego de sempre, as maiores desigualdades de sempre, os maiores impostos de sempre, o maior endividamento de sempre. Daqui até ao agravamento da pobreza vai um passo muito curto. O passo que retira ao chefe do Governo qualquer autoridade moral e política para criticar. Ele fala da pobreza mas nada faz para a evitar ou combater. É o retrato do desastre social institucionalizado.
O José Sócrates que se insurge contra os que alertam para o drama da pobreza é o mesmo que faz do estado social um verdadeiro queijo suíço. Os buracos pululam por todos os lados.
Agora até chegou ao desplante de pretender que uma parte do salário dos trabalhadores contratados sirva para alimentar um fundo destinado a pagar indemnizações aos trabalhadores despedidos. Decididamente, este homem não tem coerência nem escrúpulos. Consigo, o estado social limita-se a servir para enfeitar a retórica discursiva. Na governação, assassina-o todos os dias.
Entre Cavaco Silva e José Sócrates há um único traço em comum – o exercício da governação. A diferença maior é que o Primeiro-ministro Cavaco Silva fez prosperar o país. O Primeiro-ministro José Sócrates lançou-o na pobreza. É a diferença entra a acção e a retórica. Entre ter ou não ter credibilidade.