Vítor Andrade Coordenador de Economia, in Expresso
“Portugal tornou-se um dos destinos preferidos dos investidores estrangeiros, muito graças às condições de vida favoráveis”, conclui um relatório apresentado esta quinta-feira pela empresa norte-americana Berkshire Hathaway
Apesar das mudanças anunciadas já este mês pelo Governo – incluídas no pacote Mais Habitação - para o programa de concessão de vistos gold em troca de compras na área do imobiliário, “ainda existem muitos motivos que atraem investidores do setor imobiliário para o país”, conclui a empresa norte-americana Berkshire Hathaway, do magnata Warren Buffet.
O ‘Relatório do Mercado Europeu de verão 2023’ da BHHS - Berkshire Hathaway Home Services sublinha que “Portugal tornou-se um dos destinos preferidos dos investidores estrangeiros, muito graças às condições de vida favoráveis e aos incentivos governamentais”.
Tatiana Vale, diretora de marketing da Berkshire Hathaway HomeServices Atlantic Portugal considera que “o mercado de luxo em Portugal tem crescido significativamente nos últimos anos”. “Várias condições estão a ter um impacto positivo no mercado imobiliário, incluindo o estatuto de Portugal como o quarto país mais pacífico do mundo, a sua excelente qualidade de vida, a hospitalidade, os cuidados de saúde avançados, o clima, tudo isto contribui para que os investidores vejam Portugal como uma excelente opção”, acrescenta.
A mesma responsável refere que há três tendências que prevalecem no mercado de luxo português. A primeira é a procura de propriedades com certificações ambientais, materiais sustentáveis e design amigo do ambiente; a segunda é a conveniência e proximidade de comodidades que permitem aos compradores ‘viver a vida local’ e a terceira tendência tem a ver com a existência de propriedades que possibilitam um estilo de vida mais descontraído.
De acordo com Tatiana Vale, o interesse dos americanos no mercado português está a crescer: "Eles emergiram como os principais compradores de propriedades de luxo na região de Lisboa", explica, acrescentando que, em 2022, 6% das compras de casas no país foram feitas por cidadãos estrangeiros. Os cidadãos americanos representam 15% desse número e 40% desses compradores americanos escolheram Lisboa. "Os preços competitivos e a valorização do dólar são alguns dos fatores que aumentam o interesse dos americanos", acrescenta.
Michael Vincent, presidente executivo da Berkshire Hathaway Home Services Portugal Property, refere que “33% dos compradores de imóveis transacionados pela empresa em 2022 eram dos EUA e que a maioria procurava usufruir do programa de vistos gold”. Além das compras motivadas por este programa, "Portugal foi reconhecido como o melhor lugar do mundo para a reforma no Global Retirement Index", acrescentou Vincent.
Relativamente ao preço a pagar por uma propriedade de luxo em Portugal, Michael Vincent afirma que "para a empresa, o nosso preço médio de venda é de cerca de 850.000 euros. Eu classifico o luxo como qualquer coisa acima de 500.000 euros, mas os preços vão até aos 40 milhões de euros para o crème de la crème”.
O estudo agora apresentado pela Berkshire Hathaway Home Services conta ainda a posição de especialistas sobre os mercados imobiliários da Grécia, Portugal, Espanha e Reino Unido.
Globalmente, referem as conclusões do estudo, “o mercado imobiliário sofreu mudanças gigantescas nos últimos anos - desde o boom da pandemia, alimentado pelo desejo de espaço e pelas baixas taxas de juro, seguido de uma correção do mercado. Em toda a Europa, a proximidade de eleições pode influenciar o custo e a facilidade do investimento estrangeiro, bem como as alterações nos programas Golden Visa em alguns países.
Estes fatores são os mais importantes para o Reino Unido, Portugal e Grécia. Na Grécia, o limiar monetário para obter um visto de residência de cinco anos aumentará em 1 de agosto de 2023 de 250.000 euros para 500.000 euros”.
Apesar de alguns investidores terem feito uma pausa, os preços das propriedades de primeira linha e dos arrendamentos para férias em toda a Europa estão a subir, segundo a Berkshire Hathaway Home Services, “com os americanos ainda muito ativos em mercados como Espanha, tendo-se registado um aumento de 25% de investidores americanos em Espanha entre 2019 a 2022”.
O aumento do interesse em Espanha deve-se, segundo o mesmo estudo, a uma grande variedade de fatores, incluindo o custo de vida relativamente baixo, taxa de câmbio favorável relativamente ao dólar americano, infraestrutura de transportes de classe mundial - a rede ferroviária de alta velocidade de Espanha só fica atrás da China em termos de dimensão - e um clima político e económico estável.