Sónia M. Lourenço, in Expresso
Os dados publicados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística indicam que a taxa de desemprego recuou para o valor mais baixo desde o verão do ano passado, embora tenha ficado acima do registado na mesma altura de 2022. Descida do desemprego foi acompanhada por um aumento do emprego
O mercado de trabalho nacional resistiu ao abrandamento da economia no segundo trimestre deste ano e registou mesmo uma evolução positiva entre abril e junho. Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados esta quarta-feira, apontam para uma descida da taxa de desemprego e um aumento do emprego.
No segundo trimestre - época do ano onde a sazonalidade joga tradicionalmente a favor do mercado de trabalho em Portugal, nomeadamente por causa das contratações para a época alta no turismo e na agricultura -, a taxa de desemprego recuou para 6,1%, o que compara com 7,2% nos primeiros três meses deste ano.
É o valor mais baixo desde o verão do ano passado, quando estava nos 5,8%, mas ficou acima dos 5,7% registados no segundo trimestre de 2022.
O INE estima que no segundo trimestre deste ano estavam 324,5 mil pessoas desempregadas em Portugal, o que traduz uma diminuição de 14,7% (menos 55,8 mil pessoas) em relação aos primeiros três meses do ano. Já na comparação com o segundo trimestre de 2022, há um aumento de 8,6% (mais 25,7 mil desempregados).
Olhando em particular para os jovens (16 anos aos 24 anos), a taxa de desemprego no segundo trimestre foi estimada em 17,2%, valor inferior em 2,4 pontos percentuais (p.p.) ao do trimestre anterior e superior em 0,5 p.p. ao do trimestre homólogo.
EMPREGO EM ALTA
Ao mesmo tempo, o INE dá conta de um aumento do emprego no país. Segundo a autoridade estatística nacional, a população empregada atingiu 4,9794 milhões de pessoas no segundo trimestre deste ano, ficando muito perto da fasquia dos cinco milhões.
Este número significa um aumento de 1,1% (mais 54,7 mil pessoas) em relação aos primeiros três meses de 2023 e uma subida de 1,6% (mais 77,6 mil pessoas) relativamente ao trimestre homólogo, ou seja, na comparação com o segundo trimestre de 2022.
Destaque ainda para o indicador da subutilização do trabalho, a que os especialistas dão muita atenção, já que nos dá uma medida do desemprego em sentido lato. Isto porque para além de incluir as pessoas classificadas como desempregadas, abrange ainda os inativos disponíveis para trabalhar mas que não procuraram ativamente um posto de trabalho - os chamados ‘desencorajados’ -, os inativos que procuraram emprego mas não estavam disponíveis no imediato para aceitar uma vaga, e os trabalhadores a tempo parcial que gostariam de trabalhar mais horas.
Ora, segundo o INE, a subutilização do trabalho abrangeu 625,3 mil pessoas no segundo trimestre deste ano, o que corresponde a um decréscimo de 8,1% (menos 55,4 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior. Já na comparação homóloga, verifica-se um acréscimo de 4,1% (mais 24,6 mil pessoas).
Como resultado, a taxa de subutilização do trabalho, estimada em 11,5%, diminuiu face aos primeiros três meses do ano (menos 1 p.p.), mas aumentou em termos homólogos (mais 0,3 p.p.).